segunda-feira, 28 de novembro de 2011

 

Dom Canísio Klaus

Bispo de Santa Cruz do Sul - RS

No próximo domingo, dia 27 de novembro começamos a vivenciar o tempo litúrgico do advento, que é tempo de esperança, confiança e conversão. É o tempo que aponta para as três vindas de Cristo: a do passado, sua vinda histórica; – a do presente: Cristo atuante no povo que celebra a eucaristia e pratica a caridade; – a do futuro: Cristo aparecendo em sua glória. É o mesmo acontecimento: ontem histórico e visível; hoje sacramento e realidade oculta; amanhã manifestação gloriosa.
O advento nos chama a levantar a cabeça, a olhar para o horizonte, enxugar as lágrimas e a viver a novidade que virá, e que nos convida a partilhar o pão e o coração, a superar o ódio e a vingança, a não querer destruir o difícil e o diferente, o louco, o pobre e o importuno. A vinda de Cristo vem no inesperado, no empobrecido e no evitado, em quem Deus faz sua morada.
Para que a vinda de Cristo não nos surpreenda, a exemplo do que aconteceu com as jovens imprudentes da parábola de Jesus (Mt 25,1-13) precisamos colocar azeite em nossas lâmpadas. Esperar com alegria e discernimento, vigilância e cuidado, lendo os sinais dos tempos, percebendo os vestígios de esperança que tornam a vida mais humana. Revestir-nos da atitude de espera e não de entorpecimento; espera criativa e amorosa, que aplaina os caminhos, superando a injustiça, a impostura e a corrupção que fabricam o desalento e deixam o povo sem perspectiva.
O Advento nos convida à conversão e a mudar a nossa maneira de pensar, agir e sentir, preparando-nos para celebrar o Natal com coerência, acolhendo o Deus feito homem, a luz que veio a esse mundo e que muitos não quiseram receber. Precisamos colocar-nos a caminho em ação, pois Cristo virá somente para aqueles que lhe prepararam um tempo e um lugar em suas casas, na comunidade e na sociedade.
Os caminhos de conversão que temos a apontar para o período do Advento são os grupos de oração, as celebrações da palavra, da penitência e da eucaristia, os gestos de partilha com os mais necessitados e a generosidade com a coleta da evangelização. Não deixemos que os enfeites sem conteúdo, e que só levam ao consumo, nos levem a ignorar os marginalizados da sociedade, que foram os primeiros a quem foi anunciada a boa notícia da entrada de Jesus na história da humanidade.
A todos desejo um tempo de Advento de muita graça e bênção. Que os caminhos e as ações que vamos trilhar e realizar nos levem verdadeiramente ao Natal do Senhor.
Quem se prepara bem celebra bem. Abençoado Advento a todos!
Fonte: cnbb.org.br

domingo, 13 de novembro de 2011

TODOS OS SANTOS CARMELITAS (Festa)

Os Santos do Carmelo constituem uma grande multidão de irmãos que consagraram a sua vida a Deus, seguindo os ensinamentos do seu Filho, e se entregaram aos serviços da Virgem Maria na oração, na abnegação evangélica, no amor aos irmãos, a ponto de alguns terem derramado o seu sangue. Eremitas do Monte Carmelo, mendicantes da Idade Média, mestres e pregadores, missionários e mártires, religiosas, que enriqueceram o Povo de Deus com a misteriosa fecundidade da sua vida contemplativa, apostólica e docente, leigos que na vida souberam encarnar o espírito da Ordem: esta é a grande Família Carmelitana que, enquanto peregrina, se dedicou à prática assídua da oração, e que, tendo terminado a sua prova no estádio deste mundo, e tendo-nos deixado o seu exemplo, agora celebra a Liturgia Celeste. Unidos a toda esta grande Família, e na esperança de virmos associar-nos a ela, celebramos e antegozamos as alegrias eternas dos Santos, que Deus conduziu ao seu Monte Santo, para introduzi-los na sua Casa de Oração. O exemplo e a intercessão destas almas de oração é para nós um estímulo a vivermos a nossa vocação carmelita no obséquio de Jesus Cristo e na imitação da nossa rainha e Mãe, Flor do Carmelo, Padroeira e Esperança de todos os Carmelitas.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Estudo IV - Adaptação da Ordem do Carmo a novas formas de vida no Ocidente 1248 - 1432


Resumo do Estudo III

Os primeiros monges carmelitas (eremitas) "após ter combatido e sofrido durante meses, ou talvez anos, pela causa comum de Cristo, na recuperação e defesa da Terra Santa, decidiram levar essa entrega até suas últimas conseqüências, estabelecendo-se definitivamente na encosta ocidental do Monte Carmelo. Seu propósito era viver em obséquio de Jesus Cristo, ou melhor, continuar defendendo com sua presença a terra do Senhor e abraçar, além disso, o estilo de vida dos monges antigos que na solidão do deserto buscaram a plenitude da vida cristã imitando a Jesus Cristo."


Como nenhum deles tinha talvez uma experiência anterior de vida monástica ou religiosa, recorreram a autoridade religiosa do lugar, Alberto, Patriarca de Jerusalém de 1206 a 1214, que lhes escreveu uma norma de vida. "É o que se chamará, através dos séculos, a Regra Carmelitana e se converterá em fundamento e ponto de referência constante para quantos se vão associando à nova família religiosa fundada nos alvores do século XIII."


A Ordem do Carmo caracterizou-se ao longo de sua história com uma terna devoção a Maria, escolhida desde o princípio como patrona – titular da primeira igreja dos ermitães latinos do Carmelo – e o Profeta Elias, cuja lembrança continuava viva não só no nome de sua fonte, senão sobretudo, na alma dos ermitães.


Depois que Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém, aprovou a Regra de Vida dos carmelitas, veio a aprovação pontifícia do Papa Honório III em 1226 e Gregório IX em 1229, o que significa um reconhecimento póstumo para uma ordem religiosa que na prática "era já uma realidade viva, consistente e capaz de superar toda espécie de dificuldades".


Adaptação à Nova Realidade do Ocidente

"Quando as circunstâncias externas foram mudando e o ambiente do Carmelo foi tornando-se cada vez mais inseguro por causa do retorno dos mulçumanos, os ermitães começaram a pensar em buscar outras montanhas e outras grutas, pois seu ideal não estava condicionado por nenhum lugar. E, assim, foram aparecendo a partir de 1238, comunidades de Carmelitas em diversas nações do Ocidente: Chipre, França, Inglaterra, Alemanha, Itália."


"Esta mudança de ambiente levou os Carmelitas a uma evolução também interior e a uma ampliação – se é lícito falar assim – de seus horizontes. Entram em contato com o novo fenômeno religioso constituído pelas Ordens Mendicantes e assimilam vitalmente seu espírito e sua estrutura, recebendo do Papa Inocêncio IV em 1247 a aprovação oficial."


"Se os ermitães que recorreram ao Patriarca Alberto 40 anos antes, não tinham talvez intenção de fundar uma Ordem propriamente dita, se a “norma de vida” que o Patriarca lhes deu estava destinada só a uma comunidade, agora, com a Bula de Inocêncio IV, o texto de Santo Alberto retocado converte-se em uma das Regras monásticas e os Carmelitas em Ordem Mendicante."


Graças ao documento recebido do Papa Inocêncio IV, O carmelitas adaptam-se a nova forma de vida, diferente da vida eremítica no Monte Carmelo na Palestina, onde praticavam a vida de oração na solidão do deserto. Passam, então a  recitar o Ofício Divino em comum, segundo o costume da Igreja.  Também obedecem as novas constituições no que se refere à refeição em comum, às refeições fora de casa. E como eles tinham que se dividir em novos grupos, fois lhes concedido a possibilidade de fundar novas casas não só em ermidas, mas onde fosse mais conveniente. Também uma alteração na guarda do silêncio da noite desde as Completas até depois de Prima.


A Ordem do Carmo chegou ao seu esplendor com 9 províncias em 1287 e o total de  14 em 1321, 18 em 1362, com um total de uns doze mil religiosos em meados do século XIV.


"Entre seus santos, destacam-se Alberto da Sicília (segunda metade do século XIII), B. Franco de Sena (1291), Pedro Tomás (1366), André Corsini (1373) e o B. Nuno Alvarez Pereira (1431) [2] . Também no cultivo das ciências eclesiásticas participaram ativamente os Carmelitas, sobretudo desde o final do século XIII, alcançando, os estudos na Ordem, sua máxima expansão durante o século XIV ".



"Porém, as diversas circunstâncias históricas que levaram à decadência geral da Igreja na segunda metade do século XIV afetaram também, como às demais Ordens, à Ordem Carmelitana. Em primeiro lugar a peste negra (1348-1350) assolou conventos e províncias inteiras, produzindo, em alguns casos, uma verdadeira ruptura com a tradição anterior, pois ao repovoarem-se os conventos vazios, entraram pessoas sem vocação suficiente, assustadas com a peste, e as que tinham verdadeira vocação nem sempre encontraram mestres para as educar na vida religiosa."


"O cisma do Ocidente (1378-1417) agravou a situação, dividindo a Ordem sob as duas autoridades opostas de Roma e Avinhão, e fazendo sentir nos religiosos e nos fiéis as conseqüências negativas das dissensões no vértice da Igreja. Finalmente a guerra dos cem anos entre Inglaterra e França (1337-1435). "Desde o Concílio de Constanza (1414-1418) até o de Trento (1545-1563), o problema mais urgente da Igreja e das Ordens religiosas será o da Reforma. E a Ordem do Carmo também trabalhou com perseverança até ver seus esforços coroados de sucesso."


Passada este cap;itulo triste da História da Ordem do Camo o Papa Eugênio IV "concedeu  a Bula Romani Pontificis, datada de 15 de fevereiro de 1532 e expedida em 1435. A Bula concede a faculdade de comer carne três vezes por semana e que, em horas convenientes possam sair de suas celas para dar uma passeio pelos claustros ou estar um tempo na igreja. Note-se que Eugênio IV não retocou o texto da Regra. Limitou-se unicamente a essas declarações marginais, deixando em sua integridade o texto aprovado por Inocêncio IV."


"Com esta nova aprovação pontifícia, recebe novo impulso o trabalho de restauração da Ordem, que foi, pouco a pouco, levando-se a termo através do trabalho pessoal dos Gerais e com diversas iniciativas provenientes também da base e que deram origem ao fenômeno comum das Congregações reformadas."


"Os Priores Gerais que mais se distinguiram por seu trabalho na reforma da Ordem foram o Beato Soreth (Geral de 1451 a 1471), o Beato Batista de Mantua (1513-1516), Nicolás Audet (1524-1562) e, finalmente, Juan Bautista Rossi (Rubeo), vigário geral em 1562 e Geral desde 1564 até 1578 [7] . Com o pleno acolhimento dos decretos da reforma do Concílio Tridentino, a Ordem recuperou sua antiga prosperidade, alcançando o número de 15.000 membros antes das supressões dos séculos XVIII e XIX."


"O ideal da Ordem manteve-se sempre o mesmo, desde que, com a aprovação de Inocêncio IV, associou à contemplação o apostolado, ainda que as formas concretas em que se foi vivendo foram adaptando-se às circunstâncias históricas e o breve texto da Regra foi explicado e comentado através das Constituições e de numerosos tratados espirituais."


"Também a devoção à Santíssima Virgem e a Santo Elias, que caracteriza a vida dos Carmelitas, foi expressando-se de diversas formas com o correr dos tempos, porém, sempre dentro de uma continuidade. Em Maria encontram a personificação mais perfeita da aspiração do Carmelo à união com Deus. “Maria é o ideal vivido da vida carmelitana: vida de escuta da Palavra de Deus e entrega total a seu serviço na obra da salvação” . A figura de Elias, modelo e inspirador da vida monástica desde suas origens e exemplo de homem de oração, foi calando cada vez mais fundo na espiritualidade da Ordem, que chegou inclusive a considerá-lo durante alguns séculos, como seu verdadeiro fundador no sentido estrito da palavra."



Próximo estudo : A grande Reforma de Santa Teresa de Ávila
adaptado de "Carmelo Teresiano  - Páginas de sua História"
Frei Idelfonso Morriones

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

SÃO LEÃO MAGNO, Papa e Doutur da Igreja
Eleito com o nome de Leão I, foi um dos maiores pontífices da história do cristianismo, embora pouco se saiba sobre sua vida antes de ocupar a Cátedra de Pedro. É venerado por sua profunda sabedoria, suas extraordinárias virtudes e sua brilhante direção, como relatam os historiadores e teólogos.

Leão nasceu por volta do ano 400, na região da Toscana, onde está situada a cidade de Roma. Tornou-se sacerdote muito jovem e fez carreira consolidada num trabalho brilhante. Em 430, já era arcediácono e depois foi conselheiro dos papas Celestino I e Xisto III. Era tão respeitado e conceituado que, após a morte deste último papa, foi eleito para substituí-lo Com o título de Leão I, assumiu o governo da Igreja em agosto do ano 440.

Eram tempos difíceis. Por um lado, o Império Romano esfacelava-se e já não conseguia conter as hordas de bárbaros que invadiam e saqueavam seus domínios. Por outro lado, a Igreja enfrentava divisões e dissidências doutrinárias em seu interior. Um panorama tão sombrio que só não levou o Ocidente ao caos por causa da atuação de Leão I nos dois terrenos: o espiritual e o material.

Na esfera espiritual, ele permaneceu firme, defendendo as verdades do catolicismo diante das grandes heresias que sacudiram o século V, e atuou participando de discussões, encontros e concílios. Foi nessa época que escreveu um dos documentos mais importantes para a fé: a "Carta dogmática a Flaviano", o patriarca de Constantinopla, defendendo as posições ortodoxas do cristianismo. "Pedro falou pela boca de Leão", diziam os sacerdotes da Igreja que acabavam concordando com os argumentos. Estão guardados mais de cem dos seus sermões, além de cento e quarenta e três cartas contendo ensinamentos sobre a fé cristã, seguidos e respeitados ainda hoje.

Já no plano material, era o único que poderia conseguir, graças ao seu prestígio e à sua eloqüência, que o terrível rei Átila, comandante dos bárbaros hunos, não destruísse Roma e a Itália. A missão poderia ser fatal, pois Átila já invadira, conquistara e destruíra a ferro e fogo o norte do país. Mesmo assim Leão I foi ao seu encontro e saiu vitorioso da situação. Mais tarde, foi a vez de conter os vândalos, que, liderados pelo chefe bárbaro Genserico, entraram em Roma. Só não atearam fogo à Cidade Eterna e não dizimaram sua população graças à atuação do grande pontífice.

Não existem relatos sobre os seus últimos dias de vida. O livro dos papas diz que Leão I governou vinte e um anos, um mês e treze dias. Faleceu no dia 10 de novembro de 461 e foi sepultado na Basílica de São Pedro, em Roma. O papa Bento XIV proclamou-o doutor da Igreja em 1754. Leão I foi o primeiro papa a receber o título de "o Magno". que significa, "O Grande".
 PENSAMENTO DE SÃO LEÃO MAGNO:
Não desista nunca,
Nem quando o cansaço se fizer sentir,
Nem quando os teus pés tropeçarem,
Nem quando os teus olhos arderem,
Nem quando os teus esforços forem ignorados,
Nem quando a desilusão te abater,
Nem quando o erro te desencorajar,
Nem quando a traição te ferir,
Nem quando o sucesso te abandonar,
Nem quando a ingratidão te desconsertar,
Nem quando a incompreensão te rodear,
Nem quando a fadiga te prostrar,
Nem quando tudo tenha o aspecto do nada,
Nem quando o peso do pecado te esmagar…

Invoque Deus, cerre os punhos, sorria… E recomece!
Oremos:

Ó Deus, que jamais permitis que as potências do mal prevaleçam contra a vossa Igreja, fundada sobre a rocha inabalável dos apóstolos, dai-lhe, pelos méritos do papa são Leão, permanecer firme na verdade e gozar paz para sempre. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.Amém.
SÃO LEÃO MAGNO: ROGAI POR NÓS

Fonte:Carmelo Sagrado Coração de Jesus e Madre Teresa - Bananeiras-PB

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Escapulário
"A devoção do Escapulário do Carmo fez descer sobre o mundo copiosa chuva de graças espirituais e temporais". (Pio XII, 6/8/50)
O que é?
O Escapulário ou Bentinho do Carmo é um sinal externo de devoção mariana, que consiste na consagração à Santíssima Virgem Maria, por meio da inscrição na Ordem Carmelita, na esperança de sua proteção maternal. O escapulário do Carmo é um sacramental. No dizer do Vaticano II, "um sinal sagrado, segundo o modelo dos sacramentos, por intermédio do qual significam efeitos, sobretudo espirituais, que se obtêm pela intercessão da Igreja". (S.C. 60)
Algumas informações:
Só pode benzer e impor Escapulário que estiver revestido de ordem sacra, ou seja, sacerdotes e/ou diáconos. Não importa qual seja o tamanho, matéria ou cor de que é feito o Escapulário. O seu uso diário e permanente, embora muito recomendado, não é essencial; essencial é o compromisso de viver cristãmente, à imitação de Maria Santíssima.
A Medalha-Escapulário substitui plenamente o próprio Escapulário. Quanto aos compromissos práticos, recomenda-se muito a recitação e a meditação do terço ou, pelo menos, uma parte dele ou qualquer outra prática de devoção a Maria.
Às paróquias do Carmo, Sodalícios da Ordem Carmelitana Secular, Confrarias do Carmo, Colégios, Hospitais, Asilos, Orfanatos consagrados a Nossa Senhora do Carmo recomenda-se a promoção dos Encontros da Família Carmelitana com a finalidade sobretudo, de estreitar os laços de verdadeira fraternidade cristã. Temos todos um mesmo ideal de santificação e de auxílio mútuo neste empreendimento - e isto se torna mais fácil se tivermos consciência de que somos uma grande Família, de que somos todos irmãos do CARMO!
Texto retirado do livro "Fraternidade do Escapulário do Carmo" escrito por Frei Nuno Alves Corrêa.
O Poder do Escapulário
O Monte Carmelo, na Palestina, é o lugar sagrado do Antigo e Novo Testamento. É o Monte em que o Profeta Elias evidencia a existência e a presença do Deus verdadeiro, vendo os 450 sacerdotes pagãos do Baal e os 400 profetas dos bosques, fazendo descer do céu o fogo devorador que lhes extinguiu a vida. (III Livro dos Reis, XVIII, 19 seg.).
É ainda o Profeta Elias que implora do Senhor chuva benfazeja, depois de uma seca de três anos e três meses (III Livro dos Reis, XVIII, 45).
É no Monte Carmelo que a tradição colocou a origem da Ordem Carmelitana.
Alí, viviam eremitas entregues à oração e à penitência.
Há quem afirme que o primeiro oratório em louvor à Virgem Maria foi levantado no Monte Carmelo. Sempre foi transmitida a crença que aquela nuvem branca que surgiu do mar e se transformou em chuva benéfica é símbolo da Imaculada Conceição de Maria.
São Luis IX, rei da França, sobe ao Monte Carmelo. Encontra-se com aqueles eremitas e fica encantado, quando lhe contam que sua origem remonta ao Profeta Elias, levando uma vida austera de oração e penitência, cultivando ardente devoção à Nossa Senhora.
Trinta anos, antes de São Luis IX subir ao Monte Carmelo, dois cruzados ingleses levaram para a Inglaterra alguns monges.
Na Inglaterra, vivia um homem penitente, como o Profeta Elias, austero como João Batista. Chamava-se Simeão. Mas, diante de sua vida solitária na convacidade de uma árvore no seio da floresta, deram-lhe o apelido de Stock.
Dizem os historiadores que Nossa Senhora lhe apareceu, exortando-o a unir-se aos Monges Carmelitas.
Os Carmelitas transferiram-se do Oriente para a Europa, por causa das perseguições sofridas, com seus conventos destruídos, queimados, seus religiosos presos, mortos e os sobreviventes dispersos. Diferente porém não foi sua sorte na Europa.
São Simão Stock, unindo-se aos Carmelitas, tanto se distinguiu por sua piedade, austeridade, visão e liderança, acabando sendo eleito Superior de todos os Carmelitas da Europa, em 1245. Teve coragem de adaptar a vida dos Carmelitas, que devia ser um misto de contemplação e de atividade apostólica e pastoral. Preparou os Religiosos, mandando-os às Universidades. Isto desagradou aos mais velhos. Se não bastassem as dificuldades internas, o clero diocesano que não aceitava os frades mendigantes Franciscanos e Dominicanos, fez guerra também aos Carmelitas. São Simão Stock até pensou em mudar o hábito que tanto chamava a atenção na Europa.
Sentindo ele sempre mais a oposição interna e externa e sendo já nonagenário, reconhecia que as provações eram superiores a suas forças.
Foi então que recorreu com muita confiança à proteção de Nossa Senhora. Na noite de 16 de julho de 1251, no Convento de Cambridge, no condado de Kent, Inglaterra, assim rezava São Simão Stock na sua cela: "Flor do Carmelo, Vinha florífera, Esplendor do céu, Virgem fecunda, singular. Ó Mãe benigna, sem conhecer varão, aos Carmelitas dá privilégio, Estrela do Mar!".
Terminada estre prece, levanta os olhos marejados de lágrimas, vê a cela encher-se, subitamente, de luz. Rodeada de anjos, apareceu-lhe a Virgem Santíssima, revestida de esplendor, trazendo nas mãos o Escapulário dizendo a São Simão Stock, com inexprimível ternura maternal: "Recebe, filho queridíssimo, este Escapulário de tua Ordem, como sinal peculiar de minha fraternidade, como privilégio para ti e para todos os Carmelitas. Quem morrer revestido dele não sofrerá o fogo eterno. Eis um sinal de salvação, de proteçao nos perigos, eis uma aliança de paz e de eterna amizade".
Nossa Senhora voltou ao céu e o Escapulário permaneceu como sinal de Maria.
Na última aparição de Lourdes e de Fátima, Nossa Senhora traz o Escapulário.
São passados 733 anos, desde o dia 16 de julho de 1251. Todos os que trouxeram o Escapulário, com verdadeira piedade, com sincero desejo de perfeição cristã, com sinais de conversão, sempre foram protegidos na alma e no corpo contra tantos perigos que ameaçam a vida espiritual e corporal. É só ler os anais carmelitanos para provar a proteção e a assistência de Maria Santíssima.
O Escapulário é a devoção de papas e reis, de pobres e plebeus, de homens cultos e analfabetos. É a devoção de todos. Foi a devoção de São Luis IX, de Luis XIII, Luis XIV da França, Carlos VII, Filipe I e Filipe III da Espanha, Leopoldo I da Alemanha, Dom João I, de Portugal.
E a devoção dos Papas: Bento XV o pontífice da paz, chamou o Escapulário a "arma dos cristãos" e aconselhava aos seminaristas que o usassem. Pio IX gravou em seu cálice a seguinte inscrição:"Pio IX, confrade Carmelita". Leão XVIII, pouco antes de morrer, disse aos que o cercavam: "Façamos agora a Novena da Virgem do Carmo e depois morreremos".
Pio XI escrevia, em 1262, ao Geral dos Carmelitas: "Aprendi a conhecer e a amar a Virgem do Carmo nos braços de minha mãe, nos primeiros dias de minha infância". Pio XII afirmava: "É certamente o Sagrado Escapulário do Carmo, como veste Mariana, sinal e garantia da proteção e salvação ao Escapulário com que estavam revestidos. Quantos nos perigos do corpo e da alma sentiram a proteção Materna de Maria".
O Papa João XXIII assim se pronunciou: "Por meio do Escapulário do Carmo, pertenço à família Carmelitana e aprecio muito esta graça com a certeza de uma especialíssima proteção de Maria. A devoção a Nossa Senhora do Carmo torna-se uma necessidade e direi mais uma violência dulcíssima para os que trazem o Escapulário do Carmo"
Paulo VI afirmava que entre os exercícios de piedade devem ser recordados o Rosário de Maria e o Escapulário do Carmo.
O Papa João Paulo II é devotíssimo de Nossa Senhora e coloca a recitação do Rosário entre suas orações prediletas. Ele quis ser Carmelita. Defendeu sua tese sobre São João da Cruz, o grande Carmelita renovador da Ordem.
John Mathias Haffert, autor do livro "Maria na sua Promessa do Escapulário", entrevistou a Irmã Carmelita Lúcia, a vidente de Fátima ainda viva e perguntou, por que na última aparição Nossa Senhora segurava o escapulário na mão?
Irmã Lúcia respondeu simplesmente: "É que Nossa Senhora quer que todos usem o Escapulário".
Artigo escrito por Dom Pedro Fedalto, Arcebispo de Curitiba para o Jornal Gazeta do Povo.
O Valor e o Significado do Escapulário
O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo é um sinal de Maternidade Divina de Maria. Como tal, representa o compromisso de seguir Jesus como Maria, o modelo perfeito de todos os discípulos de Cristo.
O uso do Escapulário a Virgem nos ensina a:
* Viver abertos a Deus e à sua vontade;
* Escutar e praticar a palavra de Deus;
* Orar em todo momento, descobrindo Deus presente em todas as circunstâncias;
* Estar aberto a caridade e as necessidades da Igreja;
* Alimentar a esperança do encontro com Deus na vida eterna pela proteção e intercessão de Maria.
O Escapulário do Carmo não é:
* Um sinal de proteção mágica ou amuleto;
* Uma garantia automática de salvação;
* Uma dispensa de viver as exigências da vida Cristã.
O Escapulário em suas normas práticas:
* O Escapulário é imposto só uma vez por um sacerdote ou pessoa autorizada;
* O uso do Escapulário exige no mínimo a oração de três Ave-Marias em honra a Nossa Senhora do Carmo;
* O Escapulário compromete com uma vida autêntica de Cristãos que se conformam com as exigências evangélicas, recebem os sacramentos e professam uma especial devoção à Santíssima Virgem.
Artigo escrito pelo Pe. Luiz Alberto Kleina.
Fonte:http://www.carmo.org.br