segunda-feira, 28 de novembro de 2011

 

Dom Canísio Klaus

Bispo de Santa Cruz do Sul - RS

No próximo domingo, dia 27 de novembro começamos a vivenciar o tempo litúrgico do advento, que é tempo de esperança, confiança e conversão. É o tempo que aponta para as três vindas de Cristo: a do passado, sua vinda histórica; – a do presente: Cristo atuante no povo que celebra a eucaristia e pratica a caridade; – a do futuro: Cristo aparecendo em sua glória. É o mesmo acontecimento: ontem histórico e visível; hoje sacramento e realidade oculta; amanhã manifestação gloriosa.
O advento nos chama a levantar a cabeça, a olhar para o horizonte, enxugar as lágrimas e a viver a novidade que virá, e que nos convida a partilhar o pão e o coração, a superar o ódio e a vingança, a não querer destruir o difícil e o diferente, o louco, o pobre e o importuno. A vinda de Cristo vem no inesperado, no empobrecido e no evitado, em quem Deus faz sua morada.
Para que a vinda de Cristo não nos surpreenda, a exemplo do que aconteceu com as jovens imprudentes da parábola de Jesus (Mt 25,1-13) precisamos colocar azeite em nossas lâmpadas. Esperar com alegria e discernimento, vigilância e cuidado, lendo os sinais dos tempos, percebendo os vestígios de esperança que tornam a vida mais humana. Revestir-nos da atitude de espera e não de entorpecimento; espera criativa e amorosa, que aplaina os caminhos, superando a injustiça, a impostura e a corrupção que fabricam o desalento e deixam o povo sem perspectiva.
O Advento nos convida à conversão e a mudar a nossa maneira de pensar, agir e sentir, preparando-nos para celebrar o Natal com coerência, acolhendo o Deus feito homem, a luz que veio a esse mundo e que muitos não quiseram receber. Precisamos colocar-nos a caminho em ação, pois Cristo virá somente para aqueles que lhe prepararam um tempo e um lugar em suas casas, na comunidade e na sociedade.
Os caminhos de conversão que temos a apontar para o período do Advento são os grupos de oração, as celebrações da palavra, da penitência e da eucaristia, os gestos de partilha com os mais necessitados e a generosidade com a coleta da evangelização. Não deixemos que os enfeites sem conteúdo, e que só levam ao consumo, nos levem a ignorar os marginalizados da sociedade, que foram os primeiros a quem foi anunciada a boa notícia da entrada de Jesus na história da humanidade.
A todos desejo um tempo de Advento de muita graça e bênção. Que os caminhos e as ações que vamos trilhar e realizar nos levem verdadeiramente ao Natal do Senhor.
Quem se prepara bem celebra bem. Abençoado Advento a todos!
Fonte: cnbb.org.br

domingo, 13 de novembro de 2011

TODOS OS SANTOS CARMELITAS (Festa)

Os Santos do Carmelo constituem uma grande multidão de irmãos que consagraram a sua vida a Deus, seguindo os ensinamentos do seu Filho, e se entregaram aos serviços da Virgem Maria na oração, na abnegação evangélica, no amor aos irmãos, a ponto de alguns terem derramado o seu sangue. Eremitas do Monte Carmelo, mendicantes da Idade Média, mestres e pregadores, missionários e mártires, religiosas, que enriqueceram o Povo de Deus com a misteriosa fecundidade da sua vida contemplativa, apostólica e docente, leigos que na vida souberam encarnar o espírito da Ordem: esta é a grande Família Carmelitana que, enquanto peregrina, se dedicou à prática assídua da oração, e que, tendo terminado a sua prova no estádio deste mundo, e tendo-nos deixado o seu exemplo, agora celebra a Liturgia Celeste. Unidos a toda esta grande Família, e na esperança de virmos associar-nos a ela, celebramos e antegozamos as alegrias eternas dos Santos, que Deus conduziu ao seu Monte Santo, para introduzi-los na sua Casa de Oração. O exemplo e a intercessão destas almas de oração é para nós um estímulo a vivermos a nossa vocação carmelita no obséquio de Jesus Cristo e na imitação da nossa rainha e Mãe, Flor do Carmelo, Padroeira e Esperança de todos os Carmelitas.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Estudo IV - Adaptação da Ordem do Carmo a novas formas de vida no Ocidente 1248 - 1432


Resumo do Estudo III

Os primeiros monges carmelitas (eremitas) "após ter combatido e sofrido durante meses, ou talvez anos, pela causa comum de Cristo, na recuperação e defesa da Terra Santa, decidiram levar essa entrega até suas últimas conseqüências, estabelecendo-se definitivamente na encosta ocidental do Monte Carmelo. Seu propósito era viver em obséquio de Jesus Cristo, ou melhor, continuar defendendo com sua presença a terra do Senhor e abraçar, além disso, o estilo de vida dos monges antigos que na solidão do deserto buscaram a plenitude da vida cristã imitando a Jesus Cristo."


Como nenhum deles tinha talvez uma experiência anterior de vida monástica ou religiosa, recorreram a autoridade religiosa do lugar, Alberto, Patriarca de Jerusalém de 1206 a 1214, que lhes escreveu uma norma de vida. "É o que se chamará, através dos séculos, a Regra Carmelitana e se converterá em fundamento e ponto de referência constante para quantos se vão associando à nova família religiosa fundada nos alvores do século XIII."


A Ordem do Carmo caracterizou-se ao longo de sua história com uma terna devoção a Maria, escolhida desde o princípio como patrona – titular da primeira igreja dos ermitães latinos do Carmelo – e o Profeta Elias, cuja lembrança continuava viva não só no nome de sua fonte, senão sobretudo, na alma dos ermitães.


Depois que Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém, aprovou a Regra de Vida dos carmelitas, veio a aprovação pontifícia do Papa Honório III em 1226 e Gregório IX em 1229, o que significa um reconhecimento póstumo para uma ordem religiosa que na prática "era já uma realidade viva, consistente e capaz de superar toda espécie de dificuldades".


Adaptação à Nova Realidade do Ocidente

"Quando as circunstâncias externas foram mudando e o ambiente do Carmelo foi tornando-se cada vez mais inseguro por causa do retorno dos mulçumanos, os ermitães começaram a pensar em buscar outras montanhas e outras grutas, pois seu ideal não estava condicionado por nenhum lugar. E, assim, foram aparecendo a partir de 1238, comunidades de Carmelitas em diversas nações do Ocidente: Chipre, França, Inglaterra, Alemanha, Itália."


"Esta mudança de ambiente levou os Carmelitas a uma evolução também interior e a uma ampliação – se é lícito falar assim – de seus horizontes. Entram em contato com o novo fenômeno religioso constituído pelas Ordens Mendicantes e assimilam vitalmente seu espírito e sua estrutura, recebendo do Papa Inocêncio IV em 1247 a aprovação oficial."


"Se os ermitães que recorreram ao Patriarca Alberto 40 anos antes, não tinham talvez intenção de fundar uma Ordem propriamente dita, se a “norma de vida” que o Patriarca lhes deu estava destinada só a uma comunidade, agora, com a Bula de Inocêncio IV, o texto de Santo Alberto retocado converte-se em uma das Regras monásticas e os Carmelitas em Ordem Mendicante."


Graças ao documento recebido do Papa Inocêncio IV, O carmelitas adaptam-se a nova forma de vida, diferente da vida eremítica no Monte Carmelo na Palestina, onde praticavam a vida de oração na solidão do deserto. Passam, então a  recitar o Ofício Divino em comum, segundo o costume da Igreja.  Também obedecem as novas constituições no que se refere à refeição em comum, às refeições fora de casa. E como eles tinham que se dividir em novos grupos, fois lhes concedido a possibilidade de fundar novas casas não só em ermidas, mas onde fosse mais conveniente. Também uma alteração na guarda do silêncio da noite desde as Completas até depois de Prima.


A Ordem do Carmo chegou ao seu esplendor com 9 províncias em 1287 e o total de  14 em 1321, 18 em 1362, com um total de uns doze mil religiosos em meados do século XIV.


"Entre seus santos, destacam-se Alberto da Sicília (segunda metade do século XIII), B. Franco de Sena (1291), Pedro Tomás (1366), André Corsini (1373) e o B. Nuno Alvarez Pereira (1431) [2] . Também no cultivo das ciências eclesiásticas participaram ativamente os Carmelitas, sobretudo desde o final do século XIII, alcançando, os estudos na Ordem, sua máxima expansão durante o século XIV ".



"Porém, as diversas circunstâncias históricas que levaram à decadência geral da Igreja na segunda metade do século XIV afetaram também, como às demais Ordens, à Ordem Carmelitana. Em primeiro lugar a peste negra (1348-1350) assolou conventos e províncias inteiras, produzindo, em alguns casos, uma verdadeira ruptura com a tradição anterior, pois ao repovoarem-se os conventos vazios, entraram pessoas sem vocação suficiente, assustadas com a peste, e as que tinham verdadeira vocação nem sempre encontraram mestres para as educar na vida religiosa."


"O cisma do Ocidente (1378-1417) agravou a situação, dividindo a Ordem sob as duas autoridades opostas de Roma e Avinhão, e fazendo sentir nos religiosos e nos fiéis as conseqüências negativas das dissensões no vértice da Igreja. Finalmente a guerra dos cem anos entre Inglaterra e França (1337-1435). "Desde o Concílio de Constanza (1414-1418) até o de Trento (1545-1563), o problema mais urgente da Igreja e das Ordens religiosas será o da Reforma. E a Ordem do Carmo também trabalhou com perseverança até ver seus esforços coroados de sucesso."


Passada este cap;itulo triste da História da Ordem do Camo o Papa Eugênio IV "concedeu  a Bula Romani Pontificis, datada de 15 de fevereiro de 1532 e expedida em 1435. A Bula concede a faculdade de comer carne três vezes por semana e que, em horas convenientes possam sair de suas celas para dar uma passeio pelos claustros ou estar um tempo na igreja. Note-se que Eugênio IV não retocou o texto da Regra. Limitou-se unicamente a essas declarações marginais, deixando em sua integridade o texto aprovado por Inocêncio IV."


"Com esta nova aprovação pontifícia, recebe novo impulso o trabalho de restauração da Ordem, que foi, pouco a pouco, levando-se a termo através do trabalho pessoal dos Gerais e com diversas iniciativas provenientes também da base e que deram origem ao fenômeno comum das Congregações reformadas."


"Os Priores Gerais que mais se distinguiram por seu trabalho na reforma da Ordem foram o Beato Soreth (Geral de 1451 a 1471), o Beato Batista de Mantua (1513-1516), Nicolás Audet (1524-1562) e, finalmente, Juan Bautista Rossi (Rubeo), vigário geral em 1562 e Geral desde 1564 até 1578 [7] . Com o pleno acolhimento dos decretos da reforma do Concílio Tridentino, a Ordem recuperou sua antiga prosperidade, alcançando o número de 15.000 membros antes das supressões dos séculos XVIII e XIX."


"O ideal da Ordem manteve-se sempre o mesmo, desde que, com a aprovação de Inocêncio IV, associou à contemplação o apostolado, ainda que as formas concretas em que se foi vivendo foram adaptando-se às circunstâncias históricas e o breve texto da Regra foi explicado e comentado através das Constituições e de numerosos tratados espirituais."


"Também a devoção à Santíssima Virgem e a Santo Elias, que caracteriza a vida dos Carmelitas, foi expressando-se de diversas formas com o correr dos tempos, porém, sempre dentro de uma continuidade. Em Maria encontram a personificação mais perfeita da aspiração do Carmelo à união com Deus. “Maria é o ideal vivido da vida carmelitana: vida de escuta da Palavra de Deus e entrega total a seu serviço na obra da salvação” . A figura de Elias, modelo e inspirador da vida monástica desde suas origens e exemplo de homem de oração, foi calando cada vez mais fundo na espiritualidade da Ordem, que chegou inclusive a considerá-lo durante alguns séculos, como seu verdadeiro fundador no sentido estrito da palavra."



Próximo estudo : A grande Reforma de Santa Teresa de Ávila
adaptado de "Carmelo Teresiano  - Páginas de sua História"
Frei Idelfonso Morriones

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

SÃO LEÃO MAGNO, Papa e Doutur da Igreja
Eleito com o nome de Leão I, foi um dos maiores pontífices da história do cristianismo, embora pouco se saiba sobre sua vida antes de ocupar a Cátedra de Pedro. É venerado por sua profunda sabedoria, suas extraordinárias virtudes e sua brilhante direção, como relatam os historiadores e teólogos.

Leão nasceu por volta do ano 400, na região da Toscana, onde está situada a cidade de Roma. Tornou-se sacerdote muito jovem e fez carreira consolidada num trabalho brilhante. Em 430, já era arcediácono e depois foi conselheiro dos papas Celestino I e Xisto III. Era tão respeitado e conceituado que, após a morte deste último papa, foi eleito para substituí-lo Com o título de Leão I, assumiu o governo da Igreja em agosto do ano 440.

Eram tempos difíceis. Por um lado, o Império Romano esfacelava-se e já não conseguia conter as hordas de bárbaros que invadiam e saqueavam seus domínios. Por outro lado, a Igreja enfrentava divisões e dissidências doutrinárias em seu interior. Um panorama tão sombrio que só não levou o Ocidente ao caos por causa da atuação de Leão I nos dois terrenos: o espiritual e o material.

Na esfera espiritual, ele permaneceu firme, defendendo as verdades do catolicismo diante das grandes heresias que sacudiram o século V, e atuou participando de discussões, encontros e concílios. Foi nessa época que escreveu um dos documentos mais importantes para a fé: a "Carta dogmática a Flaviano", o patriarca de Constantinopla, defendendo as posições ortodoxas do cristianismo. "Pedro falou pela boca de Leão", diziam os sacerdotes da Igreja que acabavam concordando com os argumentos. Estão guardados mais de cem dos seus sermões, além de cento e quarenta e três cartas contendo ensinamentos sobre a fé cristã, seguidos e respeitados ainda hoje.

Já no plano material, era o único que poderia conseguir, graças ao seu prestígio e à sua eloqüência, que o terrível rei Átila, comandante dos bárbaros hunos, não destruísse Roma e a Itália. A missão poderia ser fatal, pois Átila já invadira, conquistara e destruíra a ferro e fogo o norte do país. Mesmo assim Leão I foi ao seu encontro e saiu vitorioso da situação. Mais tarde, foi a vez de conter os vândalos, que, liderados pelo chefe bárbaro Genserico, entraram em Roma. Só não atearam fogo à Cidade Eterna e não dizimaram sua população graças à atuação do grande pontífice.

Não existem relatos sobre os seus últimos dias de vida. O livro dos papas diz que Leão I governou vinte e um anos, um mês e treze dias. Faleceu no dia 10 de novembro de 461 e foi sepultado na Basílica de São Pedro, em Roma. O papa Bento XIV proclamou-o doutor da Igreja em 1754. Leão I foi o primeiro papa a receber o título de "o Magno". que significa, "O Grande".
 PENSAMENTO DE SÃO LEÃO MAGNO:
Não desista nunca,
Nem quando o cansaço se fizer sentir,
Nem quando os teus pés tropeçarem,
Nem quando os teus olhos arderem,
Nem quando os teus esforços forem ignorados,
Nem quando a desilusão te abater,
Nem quando o erro te desencorajar,
Nem quando a traição te ferir,
Nem quando o sucesso te abandonar,
Nem quando a ingratidão te desconsertar,
Nem quando a incompreensão te rodear,
Nem quando a fadiga te prostrar,
Nem quando tudo tenha o aspecto do nada,
Nem quando o peso do pecado te esmagar…

Invoque Deus, cerre os punhos, sorria… E recomece!
Oremos:

Ó Deus, que jamais permitis que as potências do mal prevaleçam contra a vossa Igreja, fundada sobre a rocha inabalável dos apóstolos, dai-lhe, pelos méritos do papa são Leão, permanecer firme na verdade e gozar paz para sempre. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.Amém.
SÃO LEÃO MAGNO: ROGAI POR NÓS

Fonte:Carmelo Sagrado Coração de Jesus e Madre Teresa - Bananeiras-PB

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Escapulário
"A devoção do Escapulário do Carmo fez descer sobre o mundo copiosa chuva de graças espirituais e temporais". (Pio XII, 6/8/50)
O que é?
O Escapulário ou Bentinho do Carmo é um sinal externo de devoção mariana, que consiste na consagração à Santíssima Virgem Maria, por meio da inscrição na Ordem Carmelita, na esperança de sua proteção maternal. O escapulário do Carmo é um sacramental. No dizer do Vaticano II, "um sinal sagrado, segundo o modelo dos sacramentos, por intermédio do qual significam efeitos, sobretudo espirituais, que se obtêm pela intercessão da Igreja". (S.C. 60)
Algumas informações:
Só pode benzer e impor Escapulário que estiver revestido de ordem sacra, ou seja, sacerdotes e/ou diáconos. Não importa qual seja o tamanho, matéria ou cor de que é feito o Escapulário. O seu uso diário e permanente, embora muito recomendado, não é essencial; essencial é o compromisso de viver cristãmente, à imitação de Maria Santíssima.
A Medalha-Escapulário substitui plenamente o próprio Escapulário. Quanto aos compromissos práticos, recomenda-se muito a recitação e a meditação do terço ou, pelo menos, uma parte dele ou qualquer outra prática de devoção a Maria.
Às paróquias do Carmo, Sodalícios da Ordem Carmelitana Secular, Confrarias do Carmo, Colégios, Hospitais, Asilos, Orfanatos consagrados a Nossa Senhora do Carmo recomenda-se a promoção dos Encontros da Família Carmelitana com a finalidade sobretudo, de estreitar os laços de verdadeira fraternidade cristã. Temos todos um mesmo ideal de santificação e de auxílio mútuo neste empreendimento - e isto se torna mais fácil se tivermos consciência de que somos uma grande Família, de que somos todos irmãos do CARMO!
Texto retirado do livro "Fraternidade do Escapulário do Carmo" escrito por Frei Nuno Alves Corrêa.
O Poder do Escapulário
O Monte Carmelo, na Palestina, é o lugar sagrado do Antigo e Novo Testamento. É o Monte em que o Profeta Elias evidencia a existência e a presença do Deus verdadeiro, vendo os 450 sacerdotes pagãos do Baal e os 400 profetas dos bosques, fazendo descer do céu o fogo devorador que lhes extinguiu a vida. (III Livro dos Reis, XVIII, 19 seg.).
É ainda o Profeta Elias que implora do Senhor chuva benfazeja, depois de uma seca de três anos e três meses (III Livro dos Reis, XVIII, 45).
É no Monte Carmelo que a tradição colocou a origem da Ordem Carmelitana.
Alí, viviam eremitas entregues à oração e à penitência.
Há quem afirme que o primeiro oratório em louvor à Virgem Maria foi levantado no Monte Carmelo. Sempre foi transmitida a crença que aquela nuvem branca que surgiu do mar e se transformou em chuva benéfica é símbolo da Imaculada Conceição de Maria.
São Luis IX, rei da França, sobe ao Monte Carmelo. Encontra-se com aqueles eremitas e fica encantado, quando lhe contam que sua origem remonta ao Profeta Elias, levando uma vida austera de oração e penitência, cultivando ardente devoção à Nossa Senhora.
Trinta anos, antes de São Luis IX subir ao Monte Carmelo, dois cruzados ingleses levaram para a Inglaterra alguns monges.
Na Inglaterra, vivia um homem penitente, como o Profeta Elias, austero como João Batista. Chamava-se Simeão. Mas, diante de sua vida solitária na convacidade de uma árvore no seio da floresta, deram-lhe o apelido de Stock.
Dizem os historiadores que Nossa Senhora lhe apareceu, exortando-o a unir-se aos Monges Carmelitas.
Os Carmelitas transferiram-se do Oriente para a Europa, por causa das perseguições sofridas, com seus conventos destruídos, queimados, seus religiosos presos, mortos e os sobreviventes dispersos. Diferente porém não foi sua sorte na Europa.
São Simão Stock, unindo-se aos Carmelitas, tanto se distinguiu por sua piedade, austeridade, visão e liderança, acabando sendo eleito Superior de todos os Carmelitas da Europa, em 1245. Teve coragem de adaptar a vida dos Carmelitas, que devia ser um misto de contemplação e de atividade apostólica e pastoral. Preparou os Religiosos, mandando-os às Universidades. Isto desagradou aos mais velhos. Se não bastassem as dificuldades internas, o clero diocesano que não aceitava os frades mendigantes Franciscanos e Dominicanos, fez guerra também aos Carmelitas. São Simão Stock até pensou em mudar o hábito que tanto chamava a atenção na Europa.
Sentindo ele sempre mais a oposição interna e externa e sendo já nonagenário, reconhecia que as provações eram superiores a suas forças.
Foi então que recorreu com muita confiança à proteção de Nossa Senhora. Na noite de 16 de julho de 1251, no Convento de Cambridge, no condado de Kent, Inglaterra, assim rezava São Simão Stock na sua cela: "Flor do Carmelo, Vinha florífera, Esplendor do céu, Virgem fecunda, singular. Ó Mãe benigna, sem conhecer varão, aos Carmelitas dá privilégio, Estrela do Mar!".
Terminada estre prece, levanta os olhos marejados de lágrimas, vê a cela encher-se, subitamente, de luz. Rodeada de anjos, apareceu-lhe a Virgem Santíssima, revestida de esplendor, trazendo nas mãos o Escapulário dizendo a São Simão Stock, com inexprimível ternura maternal: "Recebe, filho queridíssimo, este Escapulário de tua Ordem, como sinal peculiar de minha fraternidade, como privilégio para ti e para todos os Carmelitas. Quem morrer revestido dele não sofrerá o fogo eterno. Eis um sinal de salvação, de proteçao nos perigos, eis uma aliança de paz e de eterna amizade".
Nossa Senhora voltou ao céu e o Escapulário permaneceu como sinal de Maria.
Na última aparição de Lourdes e de Fátima, Nossa Senhora traz o Escapulário.
São passados 733 anos, desde o dia 16 de julho de 1251. Todos os que trouxeram o Escapulário, com verdadeira piedade, com sincero desejo de perfeição cristã, com sinais de conversão, sempre foram protegidos na alma e no corpo contra tantos perigos que ameaçam a vida espiritual e corporal. É só ler os anais carmelitanos para provar a proteção e a assistência de Maria Santíssima.
O Escapulário é a devoção de papas e reis, de pobres e plebeus, de homens cultos e analfabetos. É a devoção de todos. Foi a devoção de São Luis IX, de Luis XIII, Luis XIV da França, Carlos VII, Filipe I e Filipe III da Espanha, Leopoldo I da Alemanha, Dom João I, de Portugal.
E a devoção dos Papas: Bento XV o pontífice da paz, chamou o Escapulário a "arma dos cristãos" e aconselhava aos seminaristas que o usassem. Pio IX gravou em seu cálice a seguinte inscrição:"Pio IX, confrade Carmelita". Leão XVIII, pouco antes de morrer, disse aos que o cercavam: "Façamos agora a Novena da Virgem do Carmo e depois morreremos".
Pio XI escrevia, em 1262, ao Geral dos Carmelitas: "Aprendi a conhecer e a amar a Virgem do Carmo nos braços de minha mãe, nos primeiros dias de minha infância". Pio XII afirmava: "É certamente o Sagrado Escapulário do Carmo, como veste Mariana, sinal e garantia da proteção e salvação ao Escapulário com que estavam revestidos. Quantos nos perigos do corpo e da alma sentiram a proteção Materna de Maria".
O Papa João XXIII assim se pronunciou: "Por meio do Escapulário do Carmo, pertenço à família Carmelitana e aprecio muito esta graça com a certeza de uma especialíssima proteção de Maria. A devoção a Nossa Senhora do Carmo torna-se uma necessidade e direi mais uma violência dulcíssima para os que trazem o Escapulário do Carmo"
Paulo VI afirmava que entre os exercícios de piedade devem ser recordados o Rosário de Maria e o Escapulário do Carmo.
O Papa João Paulo II é devotíssimo de Nossa Senhora e coloca a recitação do Rosário entre suas orações prediletas. Ele quis ser Carmelita. Defendeu sua tese sobre São João da Cruz, o grande Carmelita renovador da Ordem.
John Mathias Haffert, autor do livro "Maria na sua Promessa do Escapulário", entrevistou a Irmã Carmelita Lúcia, a vidente de Fátima ainda viva e perguntou, por que na última aparição Nossa Senhora segurava o escapulário na mão?
Irmã Lúcia respondeu simplesmente: "É que Nossa Senhora quer que todos usem o Escapulário".
Artigo escrito por Dom Pedro Fedalto, Arcebispo de Curitiba para o Jornal Gazeta do Povo.
O Valor e o Significado do Escapulário
O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo é um sinal de Maternidade Divina de Maria. Como tal, representa o compromisso de seguir Jesus como Maria, o modelo perfeito de todos os discípulos de Cristo.
O uso do Escapulário a Virgem nos ensina a:
* Viver abertos a Deus e à sua vontade;
* Escutar e praticar a palavra de Deus;
* Orar em todo momento, descobrindo Deus presente em todas as circunstâncias;
* Estar aberto a caridade e as necessidades da Igreja;
* Alimentar a esperança do encontro com Deus na vida eterna pela proteção e intercessão de Maria.
O Escapulário do Carmo não é:
* Um sinal de proteção mágica ou amuleto;
* Uma garantia automática de salvação;
* Uma dispensa de viver as exigências da vida Cristã.
O Escapulário em suas normas práticas:
* O Escapulário é imposto só uma vez por um sacerdote ou pessoa autorizada;
* O uso do Escapulário exige no mínimo a oração de três Ave-Marias em honra a Nossa Senhora do Carmo;
* O Escapulário compromete com uma vida autêntica de Cristãos que se conformam com as exigências evangélicas, recebem os sacramentos e professam uma especial devoção à Santíssima Virgem.
Artigo escrito pelo Pe. Luiz Alberto Kleina.
Fonte:http://www.carmo.org.br

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Nuestra Seora del Carmen Memoria

Elisabeth da Trindade

Isabel Catez Rolland, filha de Francisco José e de Maria, nasceu perto de  Bourges, França, num acampamento militar do campo de Avor,  na manhã de domingo,  dia 18 de julho de 1880, tendo sido  batizada no dia 22 de julho, na capela do mesmo  acampamento.
 
Desde menina distinguiu-se por seu temperamento apaixonado, um tanto agressivo, mas por outro lado marcado por uma agradável sensibilidade. Sua mãe conta: “Quando tinha um ano, já se manifestava a sua natureza ardente e colérica... Foi pregada uma missão durante a nossa estadia devendo terminar com a bênção das crianças. Uma religiosa veio-me pedir uma boneca para representar o Menino Jesus, no presépio, devendo vestir-se com um traje cheio de estrelas douradas e irreconhecível aos olhos da menina. Levei-a à cerimônia. A criança esteve distraída com as pessoas que chegavam, mas quando o prior do alto do púlpito anunciou a Bênção, Elisabeth deitou um olhar sobre o presépio e reconheceu a boneca e, num ímpeto de cólera, com o olhar furioso, exclamou: ‘Jeanette! Dêem-me a minha boneca!” A criada teve de a levar no meio duma risada geral. Esta natureza ardente e colérica cada vez mais se acentuou...”  (RB 1,2-3).
 
Seu pai faleceu no dia 2 de outubro de 1887, de repente, vítima de uma crise cardíaca. Elisabeth, que tinha então sete anos e dois meses relembrará dez anos mais tarde essa hora trágica. A morte do pai causará a  “conversão” e mudança de caráter de Elisabeth. como fruto de sua vida de ascese e oração.
 
Faz sua primeira comunhão no dia 19 de abril de 1891, em Dijon.  Indo com outras companheiras visitar o Carmelo recebe um “santinho” da Priora, Madre Maria de Jesus, que na dedicatória traduz o nome Elisabeth por “Casa de Deus”. Sete anos depois da sua primeira comunhão, Elisabeth escreverá:
 
... Nesse dia
 
Em que Deus fez de mim sua morada,
Em que Deus se apoderou de meu coração,
E de tal modo o fez que, desde então,
Desde esse misterioso colóquio,
Essa conversa divina, deliciosa,
Só aspirava a dar a minha vida,
a retribuir um pouco o Seu grande amor
ao Bem-Amado da Eucaristia
Que residia no meu pobre coração
Inundando-o  de favores.
 
Desde os oito anos estudou música no Conservatório de Dijon. Todos os dias passava horas ao piano. Muitas vezes participou em concertos organizados na cidade. Seu talento precoce merece elogios nos jornais locais. No dia 24 de julho de 1893, apesar da sua pouca idade, obteve o primeiro prêmio de piano do Conservatório.
 
A jovem Elisabeth freqüentará a sociedade local. No decorrer de uma festa, enquanto dançava e se divertia, a Sra. Avout, surpreendeu o seu olhar e lhe segredou: “Elisabeth, não estás aqui, estás vendo Deus...”  Havia nos seus olhos “um não sei quê de luminoso que irradiava”, disse Louise de moulin, que Elisabeth preparava para a Primeira Comunhão. Um de seus amigos de juventude, que a tinha encontrado várias vezes quando todos os dias ia ver a sua grande amiga, a vizinha Marie Louise Hallo, Charles, irmão desta, não economiza superlativos quando descreve Elisabeth como “muito simples e duma espantosa franqueza... muito querida pelas suas companheiras... muito alegre, muito musical... a sua doçura refletia-se-lhe no olhar extraordinário e luminoso... a pureza transparecia-lhe no olhar”. A Senhora Hallo confirmará o esplendor do olhar de Elisabeth, especialmente quando voltava da comunhão: “nunca poderei esquecer o seu olhar. O rosto de Elisabeth, quando voltava da comunhão, não se pode explicar”
 
No dia 2 de janeiro de 1901, aos 21 anos, ingressou no Carmelo Descalço de Dijon, cidade onde vivia com sua sua família.
 
Recebeu o hábito no dia 8 de dezembro de 1902 e no dia 11 de janeiro de 1903  emitiu seus votos religiosos na Ordem do Carmelo, que já amava com toda sua alma.
 
Com sua vida e doutrina, breve mas sólida, exerce grande influência na espiritualidade atual, especialmente por sua experiência trinitária. Em sua obra distinguem-se: Elevações, Retiros, Notas Espirituais e Cartas.
 
 
Foi beatificada pelo papa João Paulo II,  no dia 25 de novembro de 1984, festa de Cristo Rei. Sua festa é celebrada no dia 8 de novembro.
 
Irmã Elisabeth é uma alma que se transformou dia a dia no mistério trinitário.
 
Enamorada por Jesus Cristo, que é “seu livro preferido”, eleva-se à Trindade, até que “Isabel desaparece, perde-se e se deixa invadir pelos Três”.
 
“A Trindade: aquí está nossa morada, nosso lugar, a casa paterna de onde jamais devemos sair... Encontrei meu céu na terra, posto que o céu é Deus e Deus está em minha alma. No dia em que compreendi isto, tudo se iluminou para mim".
 
“Crer que um ser que se chama Amor habita em nós a todo instante do dia e da noite, e nos pede que vivamos em sociedade com Ele, eis aquí, garanto-vos, o que tem feito de minha vida um céu antecipado”.
 
Amou intensamente sua vocação carmelita e também amou e imitou a “Janua Coeli”, como chamava Nossa Senhora.
 
Andou a passos largos no caminho da perfeição. Faleceu no dia 9 de novembro de 1906 vítima de úlcera estomacal, murmurando, quase cantando: “Vou à luz, ao amor, à vida”.  

Elevação à Santíssima Trindada

Ó meu Deus, Trindade que eu adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente para me fixar em Vós, imóvel a pacifica como se a minha alma estivesse já na eternidade. Que nada possa perturbar a minha paz, nem fazer-me sair de Vós, ó meu Imutável, mas que cada minuto me faça penetrar mais na profundidade do vosso Mistério. Pacificai a minha alma, fazei nela o vosso céu, a vossa morada querida e o lugar do vosso repouso. Que eu nunca Vos deixe só, mas que aí permaneça com todo o meu ser, bem desperta na minha fé, toda em adoração, toda entregue à vossa Ação criadora.
 
Ó meu Cristo amado, crucificado por amor, quereria ser uma esposa para o vosso Coração, quereria cobrir-Vos de glória, quereria amar-Vos... até morrer de amor ! Mas sinto a minha impotência a peço-Vos para me "revestir de Vós mesmos", para identificar a minha alma com todos os movimentos da Vossa alma, para me submergir, invadindo-me, a substituindo-Vos a mim, para que a minha vida não seja senão uma irradiação da vossa Vida. Vinde a mim como Adorador, como Reparador, a como Salvador.  
 
 Ó Verbo eterno, Palavra do meu Deus, quero passar a minha vida a escutar-Vos, quero tornar-me inteiramente dócil, para tudo aprender de Vós. Depois, através de todas as noites, de todos os vazios, de todas as impotências, quero fixar-Vos sempre a permanecer sob a vossa grande luz; ó meu Astro amado, fascinai-me para que eu não possa jamais sair da vossa irradiação.  
 
Ó Fogo consumador, Espírito de amor, "descei sobre mim", para que na minha alma se faça como que uma encarnação do Verbo: que eu seja para Ele uma humanidade de acréscimo na qual Ele renove todo o seu Mistério. E Vós, ó Pai, debruçai-vos sobre a vossa pequena criatura, "cobri-a com a vossa sombra", não vendo nela senão o "Bem-Amado no qual pusestes todas as vossas complacências".
 
Ó meus Três, meu Tudo, minha Beatitude, Solidão infinita, Imensidade onde me perco, entrego-me a Vós como uma presa. Sepultai-Vos em mim para que eu me sepulte em Vós, enquanto espero ir contemplar na vossa luz o abismo das vossas grandezas.

Sua mensagem

  • que corramos no caminho da santidade.
  • que o Espírito Santo eleve nosso espírito.
  • que sejamos sempre um louvor à glória da Ssma. Trindade.
  • que sejamos dóceis às moções do Espírito Santo. 

Oração

Deus, rico em misericórdia, que revelastes à beata Elisabeth da Trindade o mistério de vossa presença escondida na alma do justo,  e dela fizestes uma adoradora em espírito e verdade, concedei-nos, por sua intercessão, que também nós, perseverando  no amor de Cristo, mereçamos ser transformados em templos do Espírito de Amor, para louvor de vossa glória. Amém.
 
Beata Elisabeth da Trindade, rogai por nós!

Fonte:http://www.carmelitasbh.com/santidade-carmelita/elisabeth

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Memória dos 17 Mártires Carmelitas da Catalunha - Beatos‏

"O martírio é a prova mais eloqüente da verdade da fé, que consegue dar um rosto humano inclusive à morte mais violenta e manifestar a sua beleza mesmo nas perseguições mais atrozes". (Bula de proclamação do Grande Jubileu do Ano 2000 Incarnationis mysterium, 13). DA CARTA ‘PERSEVERANTES IN CARITATE’, DO Pe. FERNANDO MILLÁN POR OCASIÃO DA BEATIFICAÇÃO DOS MÁRTIRES CARMELITAS DA CATALUNHA O martírio aponta para o mistério central de nossa fé, a incorporação ao Cristo morto e ressuscitado. Nossos mártires são de fato testemunhas da
Se é certo que o martírio se dá em circunstâncias históricas concretas também é certo que transcende qualquer circunstância histórica. Nossos irmãos mártires da perseguição religiosa na Espanha, conscientes do dramático momento que estavam vivendo, mas com a calma própria de quem vive a esperança cristã e na plena confiança em Deus, exibem uma visão transcendente da vida que supõe um maravilhoso exemplo para nosso tempo no qual somos tão escravos do imediato e de nossos interesses por vezes tão mesquinhos.
Pe. Fernando Millán ressalta que não se encontra em nossos irmãos mártires nenhum tipo de ódio, ressentimento, agressividade verbal ou física aos que lhes iam tirar a vida. Souberam entregar a vida perdoando seus próprios assassinos. Este é um exemplo valiosíssimo e provocador num mundo marcado pela violência e pelo ódio. Já nossa Regra nos oferece um modelo de comunidade reconciliada no Senhor e por isso comunidade que se converte em sinal e testemunho de reconciliação.
A morte e ressurreição de Cristo, o Mistério da Salvação, nos converte em um povo, em um corpo, uma comunhão, uma assembléia santa. Na liturgia da Igreja, desde tempos imemoriais, o altar no qual se celebrava a Eucaristia se encontrava sobre o sepulcro de um mártir. As primeiras basílicas e igrejas que se construíam recebiam o nome de um mártir, como no caso de São Pedro e São Paulo, em Roma. Comunhão e martírio aparecem assim, profundamente entrelaçados, através do único sacrifício de Cristo.
Os mártires constituem na Igreja um testemunho e um verdadeiro sinal profético para todos nós; nos animam com sua caminhada e com sua fidelidade ao Evangelho e a Cristo; nos convidam a dar testemunho, também nós, em nossos contextos sociais; nos recordam que só com o bem se vence o mal e que não podemos ser cúmplices ativos ou passivos de qualquer forma de injustiça. Chamados a não desanimar em nossa fé e em nossa vocação carmelita, convertamo-nos em semeadores de comunhão e de reconciliação, entreguemo-nos generosamente ao anúncio da Boa Nova, aprofundemo-nos em nosso carisma carmelitano... Uma vida assim se apresenta como a melhor homenagem que podemos render a nossos mártires.
Verdade que dá sentido às nossas vidas. Os mártires não são suicidas, nem masoquistas, nem ativistas políticos, nem fanáticos, mas pessoas que conscientemente confessaram sua fé até as últimas conseqüências. A dimensão martirial é inerente a fé cristã que impulsiona para esta entrega total ao Cristo. O Carmelo, por sua vez, sempre buscou a entrega fiel da vida ao Senhor desde suas origens na Terra Santa. Esta beatificação dos mártires carmelitas da Catalunha é uma chamada a toda a Ordem a seguir confirmando nossa fé com humildade, valentia e autenticidade.

Por Frei Jerry  Fonseca, O.Carm.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

JUNÍNTER INTERCARMELITANO

Foi realizado na Comunidade Fonte de Elias entre os dias 28 a 30 de outubro em Caririaçu-Ce à Assembléia dos Junioristas Carmelitas da região norte e nordeste, com a participação de alguns frades e irmãs da região sudeste.
Estavam presentes as Congregações: as Irmãs Carmelitas da Divina Providência; as Irmãs Missionárias Carmelitas; as Irmãs Carmelitas filhas de Santa Teresa; Irmãs e Irmãos da Ordem Terceira do Carmo de Caririaçu; e os Províncias das Províncias: Carmelitana Pernambucana e de Santo Elias.
O encontro foi assessorado por Frei Carlos Mesters, que desenvolveu a temática: “A HISTÓRIA DO CARMELO, ONTEM E HOJE”. “Desafios para nós, jovens carmelitas”.

O objetivo do encontro é abrir um caminho em direção ao futuro a partir do conhecimento do nosso passado. O que importa não é tanto estudar e aprofundar a história do Carmelo no Brasil em si, enquanto história, mas sim, a partir do que sabemos descobrir melhor os desafios que temos pela frente, para que possamos ser fiéis ao que Deus pede de nós, jovens Carmelitas em vista do futuro do Carmelo no Brasil.

Por isso, alargamos o leque e, além da história reservada da nossa província ou congregação, conhecemos a história do Carmelo no Brasil dos últimos 50 anos. Pois em vista do objetivo do nosso encontro, é importante que apareçam mais claramente os desafios e as mudanças que marcaram a vida e atividade dos e das Carmelitas antes de nós.

O dia 28 foi realizado o lazer e confraternização das Congregações e Províncias, no sítio Góis, momento de trocar as experiências em diversas áreas, os desafios existentes e as expectativas para o encontro, também comemoramos o aniversário de Frei Carlos Mesters e Frei Josivaldo.      
No período da noite do dia 28, aconteceu a celebração Eucarística, presidida por Fr. Carlos Mesters com a presença de: Dom Paulo Cardoso, Bispo Emérito de Petrolina-PE; Dom João José da Costa, Bispo de Iguatu-CE; Dom Fernando Pânico, Bispo da Diocese de Crato-CE; Frei Geraldo Abadia, Provincial da Província Carmelitano de Santo Elias-SP; Frei Rogério, Provincial em exercício da Província Carmelitana Pernambucana; Padre José Almeida, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Saúde em Pernaforte-CE; dos estudantes Carmelitas e do povo de Deus, no qual louvamos e agradecemos ao Bom Deus, o dom da vida dos nossos irmãos.


Dia 29, iniciamos o encontro com a oração extraída do Evangelho segundo Lucas 24, 13-35 (Os discípulos de Emaús). Dando continuidade, vemos um resumo da história do Carmelo e sua origem no Monte Carmelo.
Fizemos uma cronologia das coisas que foram vivenciados por nós Carmelitas aqui no Brasil nos últimos cinqüenta anos, expondo algumas datas importantes que marcaram as nossas Províncias e Congregações, tendo a pergunta, diante dos 50 anos do Carmelo no Brasil, qual o ponto importante e qual é o desafio para o futuro?

Como resposta ao dia anterior A Missão. Assim apresentamos como um ponto de grande importância e valor para o Crescimento das Nossas Províncias e Congregações, que precisamos unir novamente como família para Evangelizarmos juntos, sempre tendo como foco o carisma Carmelita; Oração, Fraternidade e a Missão Profética.


No último dia, apresentamos alguns pontos que foram visto no dia anterior, que é necessário para o crescimento do Carmelo no Brasil. Qual a trilha que devemos andar? Está foi à pergunta que conduziu o dia 30.
Na oportunidade Frei Carlos falou do Trabalho de Dom Frei Wilmar Santin da Prelazia de Itaituba-PA, e dos desafios que estar passado com a perda de uma dos seus Missionários, morto injustamente.

Solidarizamo-nos com esta situação do nosso Irmão e escrevemos uma carta de apoio, lembramos que ele não estar só neste momento, somos uma família e que pode contar com as nossas orações e com o amor dos estudantes.

Por fim, foi celebrada a Eucaristia, concluído o 7º encontro de estudantes Carmelitas, que receberam uma garrafinha para colocar os sonhos e projetos em vista do crescimento da família carmelitana no Brasil. Logo após o almoço, alguns já retornaram para as suas casas, levando a experiência de que o Carmelo não reduz a Província ou Congregação, mais sim é uma família.



À tarde alguns Frades e algumas Irmãs foram para Juazeiro do Norte-CE, visitar o horto, as igrejas e locais sagrados de Juazeiro, assim puderam conhecer a história do “santo” popular nordestino Padre Cícero Romão.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Finados

Ele venceu a morte,
Aquele que fora por ela subjugado.
Despojou os infernos, Aquele que aos infernos descera.
O inferno foi por ele amargurado, ao sentir o gosto de sua carne, e Isaías já o havia antecipado: "O inferno foi amargurado ao ser com Ele face a face deparado".

Amargurado, pois foi por Ele esvaziado.
Amargurado, pois foi por Ele zombado.
Amargurado, pois foi por Ele esquartejado.
Amargurado, pois foi por Ele espoliado. Amargurado, pois foi por Ele aguilhoado.
O inferno recebeu um corpo e foi por Deus visitado.
Recebeu a terra e foi com o Céu confrontado.
Recebeu aquilo que via e desmoronou pelo que não via.

Ó, morte, onde está teu veneno?
Ó, inferno, onde está tua vitória?
Cristo foi elevado e tu foste rebaixado.
Cristo foi elevado e os demônios precipitados.
Cristo foi elevado e os anjos se rejubilaram.
Cristo foi elevado e a vida foi libertada.
Cristo foi elevado e não há nenhum morto na sepultura.
Pois Cristo, ressuscitado dos mortos, tornou-se primícias daqueles que já adormeceram.
A Ele o poder e a glória, pelos séculos dos séculos. Amém.

Dos sermões de São João Crisóstomo

Do carro de fogo ao metrô

O metrô Carmelita foi construído em 1959 e liga o topo à base da montanhosa cidade de Haifa, numa viagem pontilhada por 6 estações e que leva menos de 10 minutos. O grande barato, além das estações recheadas de escadarias e rampas, são os vagões de passageiros adaptados para o formato inusitado do metrô, para garantir que ninguém viaje inclinado. Segundo os israelenses, Carmelita é o menor metrô do mundo, mas um dos mais interessantes.


terça-feira, 27 de setembro de 2011

Encontro Vocacional Carmelita

Encontro Vocacional Carmelita em Itu-SP
Data: 01 e 02 de Outubro
Local: Praça da Independência, 185 Centro
Cep 13300-063
Itu-SP
Tel.(11) 4023-1919
 
 
 
Encontro Vocacional Carmelita em Belo Horizonte-MG
Data: 15 e 16 de Outubro
Local: Comunidade Santa Edith Stein
Rua Iracema Souza Pinto, 695 Planalto
Belo Horizonte-MG
Cep 31720-510
Tel. (31)3494-1623
E-mail: carmelitas@carmelitas.org.br
 

Encontro Vocacional Carmelita em Salvador-BA
Data: 15 e 16 de Outubro
Local: Comunidade Carmelitana
Rua Direita de Santo Antonio, 17 Santo Antônio
Cep. 40301-280
Salvador-BA
E-mail:carmelitas@carmelitas.org.br
________________________

Carmelitas: Contemplativos na Ação

Acesse o novo site do Serviço de Animação Vocacional Carmelita
http://www.carmelitas.org.br/

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Elias e a experiência de Deus

SALVADOR, segunda-feira, 12 de setembro de 2011 (ZENIT.org) – A Bíblia, nos capítulos dezoito e dezenove do Primeiro Livro dos Reis, nos apresenta uma extraordinária experiência de Deus, tendo como protagonista o profeta Elias. O fato ali narrado ocorreu cerca de nove séculos antes da era cristã.

Elias não se conformava com o comportamento do povo escolhido, que havia abandonado o culto ao Deus verdadeiro para seguir as idéias dos profetas dos povos vizinhos, adoradores do deus Baal. Tendo percebido que, sem algum gesto dramático, não conseguiria levar seu próprio povo à conversão, propôs um desafio aos profetas de Baal: eles escolheriam um novilho, o preparariam para o sacrifício e o colocariam sobre a lenha, mas sem pôr fogo. Ele, por sua vez, faria o mesmo. Em seguida, cada um invocaria o nome de sua divindade: ela é que deveria acender o fogo, para que a oferta fosse queimada. Conforme a resposta obtida, saberiam do lado de quem estava o Deus verdadeiro.

Aceito o desafio, os seguidores de Baal dispuseram tudo de acordo com o que fora combinado e iniciaram as súplicas. Multiplicaram as orações e nada conseguiram. Vendo-os e escutando-os, Elias fez um comentário irônico: “Gritai mais alto, pois sendo deus, Baal pode estar ocupado. Quem sabe ausentou-se ou está de viagem; ou talvez esteja dormindo e seja preciso acordá-lo”. Os profetas de Baal passaram das súplicas aos gritos; em seguida, se autoferiram até o sangue escorrer. Nada conseguiram.

Ao chegar sua vez, Elias mandou que derramassem água tanto sobre a lenha como sobre a oferenda que preparara. Pediu, então, que Deus se manifestasse: “Ouve-me, Senhor, ouve-me, para que este povo reconheça que tu, Senhor, és Deus, e que és tu que convertes os seus corações”. A resposta foi imediata: veio fogo sobre o altar, consumindo a oferta, a lenha e as próprias pedras do altar. Tirando proveito de seu sucesso e querendo exterminar o mal pela raiz, Elias mandou que fossem degolados todos os profetas de Baal. Depois disso, foi ameaçado de morte e perseguido. Para piorar a situação, teve o desgosto de ver que, mesmo depois disso tudo, seu povo não se converteu ao Deus verdadeiro. Desanimado e com vontade de morrer, foi socorrido por um anjo e partiu em direção ao Monte Horeb. Ali fez a experiência de Deus a que me referi no início.

Sabendo que o Senhor passaria em seu caminho, o profeta o esperou, de pé. Viu então, sucessivamente, o desenrolar de vários fenômenos grandiosos. Ficou atento, pois Deus poderia se manifestar através deles. Mas Deus não estava nem no furacão violento, nem no terremoto, nem no fogo. Finalmente, ouviu-se o murmúrio de uma brisa suave. O Senhor estava nela.

Também hoje, em nossa vida, Deus se manifesta muitas vezes e de maneiras diferentes. Por vezes serve-se de acontecimentos extraordinários, como são os desequilíbrios da natureza, as grandes decepções, uma doença grave ou a morte de uma pessoa que nos é querida. Normalmente, porém, manifesta-se em nossa vida por meio de brisas suaves - isto é, de acontecimentos tão simples que não valorizamos; tão rotineiros que nem percebemos; tão frequentes que nem lhes damos valor. Contudo, cada passagem sua é especial, irrepetível e única.

O episódio envolvendo Elias nos ensina que é o Senhor que escolhe a maneira de se manifestar a nós. Mesmo assim, muitos preferem ir atrás de experiências exóticas ou envolvidas pelo misticismo superficial, já que elas não exigem qualquer mudança de vida. São preferidas as experiências que mais agradam aos sentidos e as que acalmam a consciência com pensamentos vagos e que, por isso mesmo, não geram nenhum compromisso ou responsabilidade. Sem perceber, imitam-se, hoje, os antigos pagãos, que costumavam criar deuses à sua própria imagem e semelhança – isto é, com as limitações e os defeitos humanos.

Enquanto isso, o Deus vivo e verdadeiro passa em nossos caminhos como uma brisa suave e amena, para possibilitar-nos experiências marcadas pelo amor, pela alegria e pela paz. Só O perceberemos se formos capazes de valorizar o sorriso de uma criança, a beleza de uma flor à beira do caminho ou a onda do mar que se desmancha na areia da praia.

Dom Murilo S.R. Krieger, scj, é arcebispo de São Salvador da Bahia

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Notícias da Congregação Geral dos Carmelitas Setembro de  2011
Conferência de Maria Dolores, España, sobre o olhar leigo a Vida Carmelitana
Na apresentação feita pelo P. Geral, ele destacou que a conferencista é uma mãe de família, tem dois filhos e, ultimamente adotou uma criança africana. Destacou que foi sua aluna de teologia (sendo a primeira e a última a qual ele acompanhou em numa tese de doutorado). A mesma prega retiros para os jesuítas e outros grupos religiosos. Tem alguns livros publicados, entre os quais o Cristo Nú. Aceitou com alegria dirigir este olhar sobre a Vida Religiosa e Carmelitana para nós nesta Congregação Geral.
Dolores iniciou dizendo que a sua conferência poderá não trazer tantas novidades para nós, mas a diferença consistia nisto: quem diz... por quê diz...de onde diz? A visão da VR que apresento é a de uma mulher, leiga e casada. Procurou dedicar toda 1ª. parte numa reflexão sobre a Esperança, sublinhando que a espera da VR não é qualquer espera. Nosso Senhor Jesus Cristo é o sentido da nossa esperança. Neste tempo de crise, o qual vivemos, esta virtude teologal ajuda muito a fortalecer e resistir a tudo aquilo que representa a contrapartida da esperança: o desânimo, a desconfiança do futuro, a perda de identidade, a alteração dos valores, a incapacidade de escolhas por onde ir, os sonhos não realizados, etc.
Destacou ainda que a unidade não é a união de simpatizantes, mas dentro de um realismo, procurar acolher a todos (os que pensam diferente de nós e, prinicipalmente, aqueles que são indiferentes). Temos que manter uma ponte comum com um público. Nem sempre é fácil romper os paradígmas com os quais estamos habituados a pensar.
O seu ponto mais alto foi aquele de acentuar a fonte da nossa esperança está no ressuscitado, que é o crucificado (as duas realidades juntas). Jesus saiu dos mortos. O momento especial de revelação do ser humano é a dor. Parece duro, mas entre as coisas que o cristão espera e deseja está a cruz. Difícil de entender, todavia precisamos crucificar nossas esperanças. O ícone da esperança cristã é o crucificado sorrindo. É triste para uma pessoa leiga ver religiosos revoltados quando lhes parece a cruz. Sem negar a dor: o valor de experimentar na carne o que viveu N. S. Jesus Cristo até a morte é um dom divino. Santa Tereza falava muito daqueles que não abraçam a cruz desde o início: acolher a possibilidade de experimentar com Ele, a cruz; aceitar tudo que a v ida nos traz; ter a honra de completar a cruz de Cristo.
Ela procurou também elucidar a visão de esperança de uma leiga para V. Religiosa: A Universalidade da Vida (A difusão universal do anúncio do ressuscitado; A vivência da profecia da fraternidade universal já presente na VR; o olhar estratégico da VR sobre o mundo, ou seja a disponibilidade e mobilidade física e espiritual; vida organizada; a imitação e o seguimento de Cristo. Aqui destacou que os relgiosos vivem mais perto de Jesus de Nazaré (lembrou que o Cristo total é bem maior que o Nazareno); A válida tradição (Jesus nunca disse que o que fazemos seria para sempre, mas sim sua presença; o religioso por si mesmo (mesmo que o religioso não faça nada, a sua presença tem valor por ser uma vida sustentada numa opção por Deus); escola de fraternidade em diálogo (união na diferença e comunhão que reconhece a dignidade de todos os membros). Vocação da VR é uma terra sagrada.
Notícias da Congregação Geral 2011 – ConGen.11, no 6º. Dia 09.09
Conferência de Michael Plattig, Germany, sobre o olhar de um confrade carmelita
            O moderador deste dia foi o P. Scerri e a apresentação do relator ficou por conta do Pe. Cristian – Vice Geral, que destacou os estudos carmelitanos feitos por Plattig (especialmente no seu 1º Doutorado em que abordou a Reforma Turonense e, no 2º aprofundou a Direção Espiritual num confronto com os Padres da Igreja e Karl Roger. Atualmente é Diretor e professor em Munster, mas também dar aulas em duas Universidades de Roma:Agostiniano e PUG, também é membro do Instituto Carmelitano.
Inicialmente descreveu que em 1Rs se encontra a atitude basilar da tradição carmelitana (o caráter relacional dos carmelitas consiste no estar diante de Deus). Hoje o caráter da relação com Deusé um risco. Aparentemente para alguns é fácil se relacionar com um poder anônimo, mas é só no face a face que podemos alcançar a liberdade, que consiste numa sadia relação. Estar em constante relação com Deus, dia e noite, é a melhor parte do ser carmelita (Miguel de Santo Agostinho). É importante ser ocupado no trabalho de Deus e na oração: esta é a tarefa da nossa Ordem na Igreja. Esta relação há formas, lugar e oportunidade. Elias é o modelo para os monges e 1º. Anacoreta. Nossa Regra foi influenciada por esta tradição mon� �stica. A cele era considerada um lugar de aprendizagem. Para nós a cela não é só um lugar, mas também uma atitude. O corpo é a cela e o eremita esta dentro. Em 1º Rs Javé não pode ser obrigado, Ele é agente ativo. Elias não é o ativo que influencia: não tem a necessidade de obrigar a manifestação. Nós encontramos Deus quando o encontramos. Deus não pode ser obrigado. Ele é encontrado quando quer se manifestar. Deus é livre. A liberdade de Deus é a liberdade do homem. Não se pode manipular Deus. Ele é quem decide, como, quando e onde nos encontrar.
Nesta relação a prática do silêncio é bastante importante, mas este sozinho não resolve. Na R. Carmelita o silêncio é baseado na fidelidade a Deus: o equilíbrio entre palavra e silêncio. Este é o objetivo: a união com Deus. Outro aspecto do silêncio é o respeito ao outro, saber descobri, respeitar (dar valor) o tempo de falar e calar. Outro aspecto da nossa espiritualidade foi o da Noite Escura: todo o percurso da nossa maturação apresenta obastáculos e dificuldades (crises) para passar a fases sucessivas. A sombra da alma é feita de pecados. Quanto mais luz, mais percebemos as imperfeições e as ilusões. Os autores carmelitas propõem o escuro como lugar da purificação. Não se pode crescer sem crises. Para o bem de Deus d evem morrer tantos ídolos, aparentes seguranças. A fé se baseia numa fidelidade incondicionada. O amor sem condiçoes. A fé implica numa luta com Deus: uma parte essencial da oração. É necessário contestar a Deus no sofrimento para haver uma resposta.
Entre muitos outros aspectos sublinhou a nossa relação com a Igreja: os carmelitas por tradição acentuam uma Igreja plural (comunidades responsáveis). As tarefas paroquiais e outras atividades apostólicas vêm depois. Algumas devemos deixar de lado. O termo católico não significa catolicismo romano. Nossas comunidades devem se distinguir pelo aspecto comunitário. A nossa pregação deve trazer um contéudo diferente dos outros (acentuar a relação com Deus não instruções morais ou ajudar a satisfazer necessidades dos fiéis).
Notícias da Congregação Geral 2011 – ConGen.11, no 7º. Dia 10.09
Relatórios dos Conselheiros Gerais das Regiões da Ordem
1.     Désiré Unen Alimange (RDC), Conselheiro para África, fez uma larga leitura sobre os alguns números das Constituições e da Ratio (n.19) para recordar seu trabalho como Conselheiro e o aspecto mais sublinhado em seu relatório: a formação. Nas 7 presenças (algumas delas bastante fragilizadas), destacou a seguinte estatística: 22 casas; 17 paróquias; 11 comunidades de formação; 81 sacerdotes; 26 frades de Profissão Solene; 69 de votos temporários; 17 noviços, totalizando 190 frades. Ainda completou com a indicação que temos hoje mais ou menos 26 postulantes. Outros aspectos: Delegação de Quênia (ereçaõ 16.07.10); Estratégia de consolidação das fundações; A fome e carestia; Diálogo com o bispo de Costa do Marfim e o Instituto de Esp. de Nairob.
2.    Albertus Herwanta (Indonésia),Conselheiro para Asia-Oceania< /span>, entre muitas questões apresentadas destacou: Na Ásia temos novas oportunidades; aprofundou as novas presenças (Papa Nova Guine e China); a esperança para o futuro da Ordem, devido as muitas vocações; olhando para o futuro o que fazer frente a estas oportunidades?Asia é um continente de 2⁄3 da população mundial e 83% não cristã. Há uma grande diversidade cultural, mas também um conjunto de injustiça social. O povo da Ásia é orgulhoso de seus valores. Como viver nosso carisma carmelita neste contexto em que a nossa presença é pequeníssima? Na Ásia católica muitos não são integrados na sociedade local mais pobre (as vezes identificados como colonizadores). Não queremos trair, mas interagir com a vida asiática. Temos o maior canteiro de vocações da ordem e somos o futuro da mesma, mas temos pouco poder seja na Ordem seja na Igreja.
3.    Raúl Maraví Cabrera (Peru), Conselheiro para as Américas, bastante didático sublinhou que seu relatório contemplaria apenas os dois últimos, ou seja, desde o último Conselho das Pro víncias em S. Felice. Destacou que nas Américas temos 3 áreas: Norte; Brasil e a América Espanhola (10 diferentes países que não possuem autonomia); Chamou atenção para discussão sobre Governo e Instituição da Ordem, principalmente a representatividade e participação. A necessidade de formar formadores (jovens que acompanham jovens e com pouca experiência) e aprendizagem de ao menos um outro idioma. Focalizou vários encontros vindouros, especialmente ALACAR e FOCAL – SP.
4.    Jonh Keating (Ireland), Conselheiro para Europa, referiu que seu relatório seria muito mais perspectivo do que das atividades realizadas. Dsatcou que seu empenho é largo: além de sua á rea gerográfica é também lieson do CISA, responsável pela Comissão de Formação, apoia o secretariado geral. Convidou a Com.Gen a refeltir sobre 3 pontos importantes: a) A crise de liderança em Europa; b) A derrocada de valores morais, políticos, religiosos e outros por meio de contínuos escândalos; c) Uma espécie de vazio nas pessoas: só na Espanha 20% de desemprego e na Inglaterra muitos desencantados.
É necessário: dirigir os problemas de modo adequado; falta de visão de futuro; o problema surge a nível local e tem consequências gerais; somos chamados agora a lavar os pés dos pobres: comunidades pequenas e sem mudanças. Temos ainda uma tarefa.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

NOSSA MISSÃO: COMPROMETER-NOS A TESTEMUNHAR E ANUNCIAR UMA ESPIRITUALIDADE ENCARNADA NA REALIDADE COMO FONTE DE COMPROMISSO E DE SERVIÇO.

No Carmelo, os diversos elementos da espiritualidade cristã são vividos com matizes particulares que, por sua vez, devem encarnar-se em nossa realidade latino americana. Na formação dos discípulos missionários e no trabalho pastoral, nossa espiritualidade pode e deve dar contribuições significativas. O Documento de Aparecida nos apresenta desafios que põem em jogo nossa criatividade e compromisso como carisma na Igreja.
É importante que tenhamos presente as orientações que nos dá Aparecida para poder dar nossa contribuição como Carmelitas, para que nossos povos, em Jesus, tenham vida.
Ao dirigir um olhar para a realidade da America Latina e do Caribe, o Documento de Aparecida constata que existe, “como reação ao materialismo, uma busca de espiritualidade, de oração e de mística que expressa a fome e sede de Deus”1.
Sabemos que não pode existir um trabalho evangelizador que não tenha como ponto de partida uma experiência de Deus, uma aceitação vital da mensagem de Jesus Cristo e uma abertura à ação do Espírito, quer dizer, uma espiritualidade. Não se trata de transmitir uma doutrina ou uma série de ensinamentos, senão uma experiência profunda da Boa Nova. Por isso estão sempre unidas a espiritualidade, a pastoral e a teologia. O Documento de Aparecida, propõe, direta ou indiretamente, uma espiritualidade como compromisso com o seguimento de Jesus e fonte de ação missionária. De maneira especial dedica uma parte do capítulo sexto que explica o itinerário formativo dos discípulos missionários e o intitula Uma espiritualidade trinitária do encontro com Jesus Cristo (nos 240 – 275). Ainda, em outros muitos lugares alude-se à espiritualidade como origem e meta da ação evangelizadora.
Um conceito unitário da espiritualidade nos ajuda a evitar o perigo de entender a espiritualidade de forma dicotômica, como se tratasse de algo anterior à ação e separado da mesma. Isto converteria a espiritualidade em um espiritualismo desencarnado que, vivida a partir desta perspectiva, não diz nada ao homem e à mulher de hoje. É importante, por isso, partir do conceito de espiritualidade como um estilo ou forma de viver a vida cristã, que é vida “em Cristo” e “no Espírito”, que se acolhe pela fé, se expressa no amor e se vive na esperança. Falar de Espiritualidade não é, portanto, falar de uma parte da vida, senão de toda a vida. É referir-se a uma qualidade que o Espírito imprime em nós. É tratar também da ação sob o impulso do Espírito Santo. A referência primordial da espiritualidade cristã é Jesus; a conversão a ele e a seu seguimento.
Este modo de enfocar a espiritualidade responde melhor à revelação bíblica. Nela se tem uma visão unitária do ser humano, que vive sob a ação constante de um Deus presente e próximo, que o questiona e interpela em todas as circunstâncias. Podemos também afirmar que, deste modo, se compreende melhor a unidade da vida cristã em todas as épocas, culturas e situações existenciais. Ao mesmo tempo nos damos conta da necessidade de uma abertura à diversidade, fruto de circunstâncias diferentes que pedem singularidades e encarnações particulares. Não se vive a espiritualidade à margem da história, mas, dentro dela.
A espiritualidade cristã é uma espiritualidade inserida na Igreja e no mundo, portanto, participa das suas transformações. Está condicionada pelas diversas culturas que vão abrindo espaço na história. Está sujeita à modificações que se operam dentro do povo de Deus que peregrina no tempo como sacramento do Reino. O cristão deve viver sua espiritualidade hoje consciente da necessidade de aceitar as mediações culturais; tendo presentes as mudanças que vão se realizando na sociedade e na Igreja; à luz das grandes rupturas sócio-culturais e eclesiais que exigem uma nova identidade cristã. A vida cristã se encarna na história e nas pessoas concretas com sua cultura própria. Não se podem dissociar a fé e a história, o ser crente e o ser homem. Por isso, o estilo ou a forma de viver a vida cristã, quer dizer, a espiritualidade está influenciada pelas diferentes culturas. É preciso ter tudo isto presente para compreender a doutrina e as orientações espirituais do Documento de Aparecida.
Encontramos nele expressados, direta ou indiretamente, todos os elementos da espiritualidade cristã: o aspecto trinitário: experiência de Deus, seguimento de Jesus Cristo, abertura ao Espírito. O Aspecto teologal: a fé, a esperança e o amor.
Outros elementos fundamentais: a liturgia, a oração, a ascese, a devoção mariana, a dimensão apostólica.

1.      Uma espiritualidade trinitária –

O capítulo sexto em que se trata do itinerário formativo dos discípulos missionários, começa falando de uma espiritualidade trinitária do encontro com Jesus Cristo, afirmando que: “uma autêntica proposta de encontro com Jesus Cristo deve estabelecer-se sobre o sólido fundamento da Trindade-Amor. A experiência de um Deus uno e trino, que é unidade e comunhão inseparável, nos permite superar o egoísmo para encontrarmos plenamente no serviço ao outro. A experiência batismal é o ponto de início de toda espiritualidade cristã que se funda na Trindade”2.

2.      A experiência de Deus –

O Documento de Aparecida põe em relevo a necessidade que sente o povo de Deus de presbíteros – discípulos que tenham uma profunda experiência de Deus3 e, falando da dimensão espiritual na formação do cristão, afirma que esta deve fundar-se na “experiência de Deus, manifestado em Jesus, e que o conduz pelo Espírito através dos caminhos de profundo amadurecimento”4. Trata-se da experiência de Deus-Pai, “que nos atrai por meio da entrega eucarística de seu filho (Cf. Jo 6,44), dom de amor com o qual saiu ao encontro de seus filhos, para que, renovados pela força do Espírito, possamos chamá-lo de Pai.”5
Este Deus, nós o experimentamos na criação, que nos leva a louvá-los na beleza e fecundidade das terras latino-americanas e do Caribe. Também se o experimenta nas pessoas, famílias, povos e culturas do Continente”6, de maneira especial no rosto dos pobres, em cuja opção preferencial “está implícita a fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para nos enriquecer com sua pobreza”7. Junto a estas experiências de Deus na criação e nas pessoas, se experimenta a Deus na história, acompanhando os esforços por restaurar seu Reino8.

3.      O seguimento de Jesus Cristo

Apesar de que, como bem assinala José Comblin, a parte mais fraca do Documento é a Cristologia, por não levar em conta toda a limensão histórica da vida de Jesus e de seus ensinamentos, não faltam reflexões pertinentes sobre o que é e o que significa seu seguimento.
Inclusive há, aqui e ali, alguma referência implícita à reflexão cristológica latino- americana, como quando se afirma que “uma autêntica evangelização de nossos povos envolve assumir plenamente a radicalidade do amor cristão, que se concretiza no seguimento de Cristo na Cruz; no padecer por Cristo por causa da justiça,; no perdão e no amor aos inimigos”9.
Outro texto fala explicitamente de como, no seguimento de Jesus, “aprendemos e praticamos as bem-aventuranças do Reino, o estilo de vida do próprio Jesus Cristo: seu amor e filial obediência ao Pai, sua compaixão entranhável frente à dor humana, sua proximidade aos pobres e aos pequenos, sua fidelidade à missão encomendada, seu amor serviçal até a doação de sua vida. Hoje, contemplamos a Jesus Cristo tal como os Evangelhos nos transmitem para conhecermos o que Ele fez e para discernirmos o que nós devemos fazer nas atuais circunstâncias.
O seguimento de Jesus implica renovar em nossa vida a experiência que ele viveu em sua humanidade, trabalhar pelo que ele trabalhou e passar pelo que ele passou.
Jesus experimentou a Deus como Pai, aos demais como irmãos e irmãs e ao mundo como lugar de encontro com Deus e com os irmãos. Ele trabalhou pela libertação integral do ser humano e passou através da incompreensão, perseguição e morte que culminaram na Ressurreição.
Numa linha de um seguimento de Jesus em sua história, a partir da nossa história, Aparecida assinala entre outras coisas, que, diante de uma vida sem sentido, Ele nos revela o rosto de Deus que nos convida à comunhão com a Trindade11; diante da desesperança de um mundo sem Deus, que só vê na morte o término definitivo da existência, nos oferece a ressurreição, ante a idolatria dos bens terrenos, Jesus apresenta a vida em Deus como valor supremo e nos convida a segui-lo12. Diante do subjetivismo hedonista, Jesus propõe entregar a vida para ganhá-la13; “diante a exclusão, Jesus defende os direitos dos fracos e a vida digna de todo o ser humano”14.Não falta, também, na doutrina do Documento de Aparecida, o comprometimento ecológico no seguimento de Jesus. “Ante a natureza ameaçada, Jesus, que conhecia o cuidado do Pai pelas criaturas que Ele alimenta e embeleza (Cf. Lc. 12, 28), convoca-nos a cuidar da terra para que ofereça abrigo e sustento a todos os homens”.15
Viver a espiritualidade do seguimento de Jesus, à luz do Documento de Aparecida, exige entrar na dinâmica do Bom Samaritano, para aproximarmo-nos dos que sofrem; para gerar uma sociedade sem excluídos, acolhendo os pequenos e os pobres e buscando a libertação integral de todos.16

4.      Abertura ao Espírito

A vida cristã é uma vida “segundo o Espírito”. Em Aparecida encontramos, em muitas páginas, uma doutrina orientadora sobre a presença e a ação do Espírito na Igreja e em cada um de seus membros. Apresenta-o como “Espírito vivificador, alma e vida da Igreja[...] Ele que foi derramado em nossos corações, geme e intercede por nós, e com seus dons, nos fortalece em nosso caminho de discípulos e missionários”.17
O Documento nos recorda que o Espírito nos fala através dos “sinais dos tempos” e que nos identifica com Jesus – Caminho, abrindo-nos ao seu mistério de Salvação, para que sejamos filhos seus e irmãos uns dos outros; identifica-nos com Jesus – Verdade, ensinando-nos a renunciar as nossas mentiras e ambições pessoais; identifica-nos com Jesus – Vida, permitindo-nos abraçar o seu plano de amor e nos entregar para que outros tenham vida nele”.18
Como seguidores de Jesus devemos deixar-nos guiar pelo Espírito e “fazer nossa a paixão pelo Pai e pelo Reino: anunciar a Boa Nova aos pobres, curar os enfermos, consolar os tristes, libertar os cativos e anunciar a todos o ano da graça do Senhor”  (Cf. Lc. 4,18-19)19.
O primeiro fruto da presença da ação do Espírito é a comunhão entre os discípulos e missionários. Por isso, somos convidados por Ele e ajudados para viver em comunhão, a partir da sua presença em nós e na comunidade dos cristãos em Cristo20. O Espírito nos envia `a tarefa missionária21. O Espírito nos renova continuamente e nos dá possibilidade de dirigirmos a Deus como Pai; nos ajuda a compreender a Escritura, fortalece a nossa identidade de discípulos e desperta em nós a vontade de anunciar com audácia aos outros o que temos escutado e vivido22.
“Invocamos o Espírito Santo para podermos dar o testemunho de proximidade  afetuosa, escuta, humildade, solidariedade, compaixão, diálogo, reconciliação, compromisso com a justiça social e capacidade de compartilhar, como Jesus o fez”. Pede-nos fidelidade ao Espírito Santo que nos conduz à renovação eclesial, “que implica reformas espirituais, pastorais e também institucionais24”.
É preciso saber descobrir a presença do Espírito Santo na presença dos valores do Reino de Deus nas culturas, para fortificá-las e purificá-las; nos esforços das pessoas de boa vontade; nas pessoas e comunidades que testemunham o evangelho25. Com a força do Espírito enfrentam-se os desafios do momento atual.26

5.      A Fé

A fé bíblica tem um sentido de abertura a uma pessoa com confiança e segurança plenas.
Crer na Escritura é apoiar-se em algo sólido e estável; apoiar-se em Deus. A fé é um abrir-se ao Deus Vivo e Verdadeiro, ao Deus da aliança, fiel ás suas promessas. À luz desta fé, se faz a experiência de Deus, não fora da realidade, mas dentro dela: realidade histórica plena de contradições e de buscas; realidade política, social e econômica. A fé em sua dimensão social, leva a analisar a realidade à luz do plano de Deus sobre a humanidade, a anunciar este projeto divino, a denunciar a tudo o que se opõe a ele. Esta fé conduz a discernir as interpelações de Deus nos sinais dos tempos e a descobrir as situações de pecado social. Conduz igualmente ao compromisso por superar tudo o que contradiz a condição de filhos de Deus e de irmãos, que Cristo estabeleceu entre os seres humanos.
A volta ao conceito bíblico de fé faz com que a Fé não seja reduzida, como acontecia com freqüência, em acreditar nos dogmas.
Hoje a Fé é entendida como abertura confiante a Deus e disponibilidade para seguir seus caminhos; como visão contemplativa que descobre Deus presente na realidade e que se expressa no compromisso de amor aos irmãos/ãs. Aparecida confessa desde o princípio do Documento que deseja dar um novo impulso à evangelização, a fim de que estes povos continuem crescendo e amadurecendo em sua fé.
O Documento nos apresenta o significado de uma fé encarnada na realidade quando, ao descobrir o método ver, julgar e agir, diz que este método implica “contemplar a Deus com os olhos da fé, através da sua Palavra revelada e o contato vivificador dos Sacramentos, a fim de que, na vida cotidiana, vejamos a realidade que nos circunda à luz da sua providência, e a julguemos segundo Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, e atuemos  a partir da Igreja, Corpo místico de Cristo e Sacramento universal de Salvação, na propagação do Reino de Deus, que se semeia nesta terra e que frutifica plenamente no céu”28.
A fé nos ensina também que “Deus vive na cidade, em meio às suas alegrias, anelos e esperanças, como também em suas dores e sofrimentos. As sombras que marcam o cotidiano das cidades, como por exemplo: violência, pobreza, individualismo e exclusão, não podem impedir-nos que busquemos e contemplemos o Deus da vida também nos ambientes urbanos”29.
Aparecida reconhece como testemunhos da fé a muitos de seus membros que foram perseguidos e assassinados por seu empenho a favor dos mais pobres e sua luta pela dignidade de cada ser humano.30 A fé deve ser vivida com alegria, que leva a “proclamar o evangelho de Jesus Cristo e, nele, a boa nova da dignidade humana, da vida, da família, do trabalho, da ciência e da solidariedade com a criação”31. “A fé nos liberta do isolamento porque nos leva à comunhão”32. Jesus se faz presente em uma comunidade viva na fé e no amor fraterno33. Há que se viver a fé na centralidade do mistério pascal de Cristo através da Eucaristia34. A religiosidade popular expressa também a fé “porque reflete uma sede de Deus, que somente os pobres e simples podem conhecer”35.
A fé deve inculturar-se porque somente quando penetra no substrato cultural de um povo pode ser professada adequadamente, entendida e vivida36. A fé em Deus é compatível com a Ciência, portanto, devem ser valorizados os espaços de diálogo entre ambas.37 Diante dos desafios da nova evangelização, se faz mais urgente que nunca “uma coerência entre fé e vida em âmbito político, econômico e social”38.

6.      A esperança

A esperança cristã não pode reduzir-se à simples espera paciente e resignada da irrupção do definitivo em nossa história humana. O conceito bíblico de esperança ilumina a tensão entre o presente e o futuro, que será o definitivo. A redenção de Cristo, já realizada, tem ao mesmo tempo uma faceta futura que é objeto de esperança: a redenção se consumará com a ressurreição. À luz do Novo Testamento, a esperança cristã é feita de fé, paciência perseverante e ação, (Cf. Rom 5, 3 – 5) e se apóia na bondade e fidelidade de Deus manifestadas em Cristo, do qual nada nem ninguém pode nos separar (Rom 8, 38–39), e na presença do Espírito (Rom 8, 11–23). A esperança cristã arrasta também consigo o universo (Rom 8, 19–22).
A dimensão ativa da esperança se orienta para o progresso do ser humano e à sua libertação e, só através desta, para o progresso do mundo, da ciência e da técnica. Tudo deve estar voltado para a libertação integral da pessoa humana. A esperança do definitivo não deve enfraquecer, senão estimular a solicitude para transformar o mundo e a sociedade, porque isso interessa ao Reino de Deus, já misteriosamente presente na terra39. A esperança, em sua dimensão social, leva a descobrir contemplativamente as sementes de vida e de ressurreição nas coisas de cada dia, nas situações, nas pessoas, em si mesmo. Também a experiência da própria pobreza, das próprias limitações e da demora das mudanças, exige o exercício de uma esperança ativa, que vive a tensão da paciência perseverante.
O Documento de Aparecida apresenta a esperança cristã a partir de uma dupla perspectiva: por uma parte descobre os sinais de esperança e por outra, a coloca na linha do Vaticano II, que a associa ao compromisso de trabalhar pelo projeto de Deus, que começa neste mundo e se consumará quando chegarem os novos céus e a nova terra. Constata-se que junto com a fé existe em muitos batizados uma esperança contra toda a esperança que produz a alegria de viver ainda que em condições difíceis40, porque encontra Jesus como rocha, paz e vida41.
Entre os sinais de esperança que animam a espiritualidade na América Latina e no Caribe está a caridade de tantas pessoas anônimas em meio às injustiças e adversidades. Seu testemunho manifesta a proximidade do poder salvador e libertador do Reino de Deus “que nos acompanha na tribulação e que anima incessantemente nossa esperança em meio a todas as provações”42.
Na Igreja “casa e escola de comunhão” os discípulos “compartilham a mesma fé, esperança e amor no serviço da missão evangelizadora43 para iluminar e infundir alento e inspirar soluções adequadas aos problemas da existência”. “No coração e na vida de nossos povos pulsa um forte sentido de esperança, não obstante as condições de vida que parecem ofuscar toda esperança. Esta se experimenta e se alimenta no presente, graças aos dons e sinais de vida nova que compartilha; compromete-se na construção de um futuro de maior dignidade e justiça e aspira aos novos céus e nova terra que Deus nos prometeu em sua morada eterna”45. “Só assim o Continente da esperança pode chegar a tornar-se verdadeiramente o Continente do amor”46.