sexta-feira, 22 de abril de 2011

TARDE DE SEXTA FEIRA SANTA - Benjamin Buelta

Tua vida se via destruída

mas tu alcançavas a plenitude.



Aparecias crucificado como um escravo

mas chegavas a toda liberdade.



Havias sido reduzido ao silêncio

mas eras a palavra maior do amor.



A morte exibia sua vitória

mas a derrotavas para todos.



O Reino parecia esvair-se contigo,

mas o edificavas com entrega absoluta.



Acreditavam os chefes que te haviam tirado tudo

mas tu te entregavas para a vida de todos.



Morrias como um abandonado pelo Pai

mas Ele te acolhia em um abraço sem distancias.



Desaparecias para sempre no sepulcro

mas inauguravas uma presença universal.



Não é apenas aparência de fracasso

a morte do que se entrega a teu desígnio?



Não somos mais radicalmente livres

quando nos abandonamos em teu projeto?



Não está mais próxima nossa plenitude

quando vamos sendo despojados em teu mistério?



Não é a alegria tua última palavra

em meio às cruzes dos justos?

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Mais de 15 mil fiéis participam da Missa da Unidade


A Missa da Unidade, uma das celebrações mais importantes da Semana Santa, reuniu na manhã desta quinta-feira, dia 21, mais de 15 mil fiéis, no Mineirinho, em Belo Horizonte. Católicos das 265 paróquias da Arquidiocese de Belo Horizonte que participaram ativamente da celebração, entoaram cantos, aplaudiram em vários momentos e acenderam velas numa demonstração de fé, emoção, alegria e muita comunhão.
A missa, presidida pelo arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, foi concelebrada pelos bispos auxiliares da Arquidiocese de Belo Horizonte, dom Joaquim Giobani Mol Guimarães e dom Luiz Gonzaga Fechio, o cardeal dom Serafim Fernandes de Araújo, arcebispo emérito de Belo Horizonte, dom Sebastião Roque Rabelo Mendes, bispo auxiliar emérito de Belo Horizonte, dom José Maria Pires, Arcebispo emérito da Paraíba e dom Geraldo Vieira Gusmão, bispo emérito de Porto nacional(TO). Um momento especial de comunhão quando os 600 padres das 265 paróquias da Arquidiocese de Belo Horizonte que refizeram os votos do sacerdócio.
A missa representa a unidade de fiéis, padres, bispos, religiosas e seminaristas em torno do Sacramento da Eucaristia. A Quinta-feira Santa celebra a reunião de Jesus Cristo e dos apóstolos na última ceia. Durante a celebração, dom Walmor abençoou os Santos Óleos utilizados pelas paróquias da Arquidiocese para a celebração dos sacramentos: Batismo, Crisma e Unção dos Enfermos.
O arcebispo foi muito aplaudido quando agradeceu a presença dos fiéis e disse que sente uma alegria muito querida pela receptividade deste povo tão amado. Pelo carinho e pelo coração mineiro e católico que recebe hoje, de braços abertos, dom Luiz Gonzaga Fechio, novo bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte. Dirigindo-se aos religiosos, falou de seu apreço e amor pelos que trabalham nas ações pastorais. Saudou as religiosas de diferentes congregações, os semiraristas, acólitos, consagrados e consagradas, ressaltando o bem que se dispõem a fazer pelo próximo.
Em sua homilia, dom Walmor ressalta que a Missa da Unidade não é uma repetição ou continuação de uma tradição, mas "um momento para que todos nós possamos renovar e iluminar a nossa consciência de povo sacerdotal" e disse que a celebração é importante para reavivar no coração a certeza de que o centro de tudo
é a missão profética de Cristo Jesus. "Me dirijo a cada um dos sacerdotes aqui presentes com o meu coração aberto, com apreço fraternal e amor paternal. Quero que fique registrado no coração de vocês o meu apreço e consideração".

A missa marcou o início do Tríduo Pascal, que se estende até o Sábado de Aleluia.

Fonte: Arquidiocese de Belo Horizonte

terça-feira, 19 de abril de 2011

O QUE É UMA VOCAÇÃO?
A Vocação básica
Geralmente, falando de vocação, muita gente pensa logo em vocação para padre, freira, diácono, ministro ou ministra; pensa na vocação à santidade ou na vocação que como cristãos recebemos no batismo. Tudo isso é correto, mas não é tudo. É apenas uma parte, e uma parte muito pequena. É olhar apenas um único tijolo e achar que já viu e conhece a casa inteira que tem muitas paredes, quartos e andares.
Existe uma vocação básica que abrange e fundamenta todas as outras vocações. Eu sou Carlos. Você é Maria, João, Raquel, Alberto. A vocação básica de cada um de nós é procurar ser aquilo que a gente já é: ser Carlos, ser Maria, ser João, ser Raquel, ser Alberto. Todos nós somos Seres Humanos. Foi assim que Deus nos criou e nos quis. Graças a Deus!
A vocação básica de todos nós é ser HUMANO, ser gente. É humanizar nossa vida. É contribuir para que a vida da gente seja de fato vida de gente; para que a vida da nossa sociedade seja mais humana. Jesus disse: “Eu vim para que todos tenham vida, e vida em abundância” (Jo 10,10). Quando falamos em vocação cristã, vocação religiosa ou vocação carmelita, não podemos esquecer esta vocação básica. Não se constrói um prédio começando com o terceiro andar. Não dá certo. Tem que começar da base.
Ser chamado pelo nome
Vocação é o mesmo que ser chamado pelo nome. Ora, ser chamado pelo nome é a coisa mais freqüente e mais comum que acontece com cada um de nós: -“João!”  –“Raquel!”  -“Carlos!”  -“Maria!”   Quando alguém chama, você pára, olha e pergunta: “O que há?”
Às vezes, somos chamados por alguém, mas não escutamos. Muito barulho ao redor ou dentro de nós. Pode ser também que o chamado foi muito fraco ou vinha de uma pessoa muda que chamava com um gesto que você não entendeu. Condição para poder escutar o chamado é saber fazer silêncio. Sem silêncio não se escuta nada. Hoje, o que mais nos falta é silêncio.
Alguém chama você porque ele está precisando de uma ajuda. Você dá a sua resposta, se compromete e vai agindo. No fundo, tudo que a gente faz na vida de cada dia é resposta a um chamado, a uma vocação: “Recebi uma chamada pelo telefone e fui!” Há chamados pequenos e chamados grandes: chamado de criança que chora; de mendigo que pede; de amigo que convida. Às vezes acontece que alguém chama, e você responde: “Sinto muito, mas agora não posso”. É que um outro chamado o impede de responder positivamente a este novo chamado. 
São muitas as palavras que usamos para expressar aquilo que escutamos dentro de nós como vocação e à qual procuramos dar uma resposta ao longo dos anos da nossa vida. São palavras comuns que indicam coisas muito comuns, muito humanas: Chamado, Pedido, Recado, Telefonema, Apelo, Convite, Vocação, Convocação, Grito, Lembrete, etc.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

PAIXÃO: SOFRIMENTO E AMOR
HOMILIA DE J.B.LIBANIO
Mt 27, 11-54
            Paremos um pouco nesta expressão que iniciou essa proclamação: paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.  Na nossa língua portuguesa, a palavra paixão tem dois sentidos e, na vida de Jesus, podemos cruzá-los e mostrar que Ele realizou os dois. No primeiro caso, significa sofrimento, e o texto traz toda a descrição. Mas, numa linguagem mais comum, nos referimos a paixão como um amor muito grande, que incendeia os corações das pessoas, a ponto de deixá-las deslumbradas. Voltando-nos para Jesus, iremos perceber que Ele viveu essas duas paixões. Não chegaria à paixão do sofrimento se antes não tivesse passado pela paixão do amor.
            Como Ele mesmo disse, dar a vida para e pelos amigos ainda é algo heroico mas inteligível. Ele deu a vida, não só pelos amigos, pelos discípulos, por todos nós, cristãos, batizados, que vivemos na graça, mas por toda a humanidade de todos os tempos e raças, enfim, todo ser humano que despertou nesta Terra em toda a história da humanidade foi tocado pelo sangue do Senhor. É algo para nos deixar estarrecidos. Como é possível que alguém, na solidão do seu eu, na pequenez de sua existência humana, pode ter um olhar tão amplo que atinja todos os tempos? Os padres da Igreja gostavam de imaginar que, no Horto das Oliveiras, subindo para o Calvário, preso à cruz pelos cravos, o olhar de Jesus alcançou a humanidade inteira.
Claro que Ele não poderia conhecer cada um de nós individualmente, pois seu olhar ainda era terrestre, confinado a tempo e espaço, mas o seu coração tinha uma dimensão que ultrapassava o que os seus olhos podiam ver: adversários e inimigos, além de pouquíssimos amigos que tiveram compaixão dele – João fala de três ou quatro pessoas. Todos os outros olhares foram de crítica, ódio e condenação. Ele caminhou na total solidão, talvez uma dor mais dolorosa do que o sofrimento físico. Ficamos muito impressionados pela dor física, sobretudo, a geração moderna que tem à disposição os mais potentes anestésicos, mas há dores muito maiores do que físicas. Há pessoas normais que sofreram dores físicas, mas a dor do abandono, do desprezo, da ingratidão, do silêncio, é muito pior. Eu imagino o Senhor atravessando a sua cidade querida, aquela sobre a qual Ele chorou, a cidade que sempre foi o maior símbolo para o judeu. Atravessou aquela cidade que Ele amava tanto, na mais completa solidão, abandono e desprezo. Seu coração se rasga, mostrando a total realidade do que é amar. Nós temos muita dificuldade de dimensionar o que significa amar e parece que é a única coisa que o Senhor veio nos ensinar. Podemos reduzir o evangelho, como Ele mesmo reduziu, a apenas duas frases. Como muita gente não tem tempo de ler o evangelho, guardem pelo menos estas duas frases, pois todo o resto converge para elas: “amai a Deus sobre todas as coisas e a seu irmão como amam o próprio Deus!”. É esse amor a Deus, na sua unidade profunda, voltado para cada pessoa, até mesmo aquelas que nos odeiam. Essa é a sublimidade do amor cristão.
            Imagino que aquelas famílias que foram atingidas pelo assassinato de seus filhos pequenos estão colocadas hoje diante deste dilema. Será que terão coragem de perdoar aquele criminoso no mais profundo de seus corações? Será que almejarão que também ele seja salvo pela graça do Senhor? Será que também nós temos coragem de pedir a Deus que salve esse assassino? O próprio Jesus foi quem se voltou para o criminoso que foi crucificado junto dele, dizendo-lhe que no mesmo dia eles estariam juntos diante de Deus no paraíso.
É de tal natureza e de tal grandeza esse amor, que podemos meditá-lo ao longo de toda a vida, e nunca chegaremos a entender. Parece que contradiz os nossos sentimentos mais primitivos, e nós o rejeitamos, no ódio e no desprezo. Continuamos vendo irmãos que não se falam, filhos e pais que não se olham, enquanto o Senhor vem nos dizer que a essas pessoas dificeis de serem amadas é que devemos voltar o nosso amor. Essa é a grande lição da paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém. (Domingo de Ramos)