segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Memória dos 17 Mártires Carmelitas da Catalunha - Beatos‏

"O martírio é a prova mais eloqüente da verdade da fé, que consegue dar um rosto humano inclusive à morte mais violenta e manifestar a sua beleza mesmo nas perseguições mais atrozes". (Bula de proclamação do Grande Jubileu do Ano 2000 Incarnationis mysterium, 13). DA CARTA ‘PERSEVERANTES IN CARITATE’, DO Pe. FERNANDO MILLÁN POR OCASIÃO DA BEATIFICAÇÃO DOS MÁRTIRES CARMELITAS DA CATALUNHA O martírio aponta para o mistério central de nossa fé, a incorporação ao Cristo morto e ressuscitado. Nossos mártires são de fato testemunhas da
Se é certo que o martírio se dá em circunstâncias históricas concretas também é certo que transcende qualquer circunstância histórica. Nossos irmãos mártires da perseguição religiosa na Espanha, conscientes do dramático momento que estavam vivendo, mas com a calma própria de quem vive a esperança cristã e na plena confiança em Deus, exibem uma visão transcendente da vida que supõe um maravilhoso exemplo para nosso tempo no qual somos tão escravos do imediato e de nossos interesses por vezes tão mesquinhos.
Pe. Fernando Millán ressalta que não se encontra em nossos irmãos mártires nenhum tipo de ódio, ressentimento, agressividade verbal ou física aos que lhes iam tirar a vida. Souberam entregar a vida perdoando seus próprios assassinos. Este é um exemplo valiosíssimo e provocador num mundo marcado pela violência e pelo ódio. Já nossa Regra nos oferece um modelo de comunidade reconciliada no Senhor e por isso comunidade que se converte em sinal e testemunho de reconciliação.
A morte e ressurreição de Cristo, o Mistério da Salvação, nos converte em um povo, em um corpo, uma comunhão, uma assembléia santa. Na liturgia da Igreja, desde tempos imemoriais, o altar no qual se celebrava a Eucaristia se encontrava sobre o sepulcro de um mártir. As primeiras basílicas e igrejas que se construíam recebiam o nome de um mártir, como no caso de São Pedro e São Paulo, em Roma. Comunhão e martírio aparecem assim, profundamente entrelaçados, através do único sacrifício de Cristo.
Os mártires constituem na Igreja um testemunho e um verdadeiro sinal profético para todos nós; nos animam com sua caminhada e com sua fidelidade ao Evangelho e a Cristo; nos convidam a dar testemunho, também nós, em nossos contextos sociais; nos recordam que só com o bem se vence o mal e que não podemos ser cúmplices ativos ou passivos de qualquer forma de injustiça. Chamados a não desanimar em nossa fé e em nossa vocação carmelita, convertamo-nos em semeadores de comunhão e de reconciliação, entreguemo-nos generosamente ao anúncio da Boa Nova, aprofundemo-nos em nosso carisma carmelitano... Uma vida assim se apresenta como a melhor homenagem que podemos render a nossos mártires.
Verdade que dá sentido às nossas vidas. Os mártires não são suicidas, nem masoquistas, nem ativistas políticos, nem fanáticos, mas pessoas que conscientemente confessaram sua fé até as últimas conseqüências. A dimensão martirial é inerente a fé cristã que impulsiona para esta entrega total ao Cristo. O Carmelo, por sua vez, sempre buscou a entrega fiel da vida ao Senhor desde suas origens na Terra Santa. Esta beatificação dos mártires carmelitas da Catalunha é uma chamada a toda a Ordem a seguir confirmando nossa fé com humildade, valentia e autenticidade.

Por Frei Jerry  Fonseca, O.Carm.

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