quarta-feira, 27 de abril de 2011

Ser Carmelita é tudo que eu quero

Ser Carmelita é tudo que eu quero

Quem bebe de uma fonte e gostou da água, quando sente sede, volta para lá e bebe de novo. Foi o que fez o profeta Elias (1Rs 17,2-6). Foi o que fizeram o profeta Eliseu e os filhos dos profetas (1Rs 19,19-21; 2Rs 2,1-7). Depois deles, tantos e tantas outros foram beber da mesma Fonte que brota no Monte Carmelo e recebeu o nome de “Fonte do Profeta Elias”. Mataram aí a sua sede.
No século XII um grupo de peregrinos, na sua maioria leigos, chegou a abandonar a Europa e se mandou para o Monte Carmelo, lá na Terra de Jesus. Ao redor daquela fonte escondida e da Capela de Santa Maria do Monte Carmelo, como eles mesmos diziam, iniciaram uma vida nova “em obséquio de Jesus Cristo”. Elaboraram um programa de vida para o qual pediram a aprovação de Alberto, o Patriarca de Jerusalém. Este programa tornou-se a Regra do Carmo, aprovada pelo Papa Inocêncio no dia 1 de outubro de 1247, e que está em vigor até hoje, animando muita gente a beber da mesma fonte.
O Monte Carmelo marcou a vida deles de tal maneira, que deixou de ser um lugar geográfico para tornar-se um ideal de vida. Por isso, em vez de Albertinos, quiseram ser chamados de Carmelitas, Moradores do Carmelo. Pois cada pequena comunidade devia ser como um Pequeno Carmelo, onde todos e todas pudessem reencontrar o mesmo ideal de vida, o mesmo ambiente acolhedor, a mesma hospitalidade e a mesma fraternidade, que os marcaram para sempre desde aquele primeiro início no Monte Carmelo.
Até hoje, tentamos recriar em nós o mesmo ideal de vida. Como os nossos Santos e Santas, iniciamos a “Subida do Monte Carmelo”: Elias, Eliseu, os filhos e as filhas dos Profetas, Alberto, Ângelo, Maria Madalena, João Soreth, João da Cruz, Tereza de Ávila, Teresinha de Lisieux, Tito Brandsma, Isidoro Bakanja, Gabriel Couto, Ângelo Paoli. Tantos e tantas! Homens e mulheres, sacerdotes e religiosas, monjas e leigos, casados e solteiros, pais e mães de família, jovens e velhos, rapazes e moças. Todos eles testemunham com a sua vida: Ser Carmelita é tudo que eu quero e desejo na vida!
Venha Beber desta Fonte!
Para além das imagens tradicionais de Deus, para além das conclusões da ciência, existe nos povos e em todos nós uma intuição teimosa que sempre renasce. Trata-se de uma fonte, uma intuição mística, anterior a tudo que fazemos na ciência ou na religião. De vez em quando, em certos momentos da vida, esta fonte brota também dentro de cada um de nós. Eco silencioso, frágil, que sobe do fundo do inconsciente coletivo da humanidade e nos diz: “Deus existe, ele está conosco, ele nos ouve; dele dependemos, nele vivemos, nos movemos e existimos. Somos da raça do próprio Deus” (cf. At 17,28). E o coração humano responde murmurando: “Sim, Tu nos fizeste para ti, e o nosso coração estará irrequieto até que não descanse em Ti!”
Hoje, mais do que nunca, em cada nova geração que nasce na face da terra, este murmúrio da alma levanta a cabeça em busca de uma resposta: Por que existimos? Quem nos fez? Quem é Deus? Qual o sentido da nossa vida? Deus, onde estás? As imagens de Deus mudam, devem mudar, para que não nos impeçam de descobrir Deus na vida.
A água que Elias aí bebeu ajudou-o a redescobrir a presença de Deus quando ele, perdido e desanimado, deitou debaixo da árvore e pediu para morrer (1Rs 19,4). Ele imaginava Deus de um jeito: poderoso, forte, ameaçador, como terremoto, tempestade e fogo. Mas Deus já não estava no terremoto, nem na tempestade, nem no fogo (1Rs 19,11-12). A água que Elias tinha bebido na fonte do Monte Carmelo ajudou-o a superar as imagens antigas de Deus e o levou a discernir a presença divina, para além das imagens, na brisa leve (1Rs 19,12), no silêncio sonoro, na noite escura, mais clara que o sol do meio dia (Sl 139,12). Esta fonte brota sempre, até hoje, mesmo de noite!  Venha Beber desta fonte!
Quem tiver sede, venha beber, disse Jesus à Samaritana, ao povo de Jerusalém e a todos nós (Jo 4,14; 7,37-39). No Monte Carmelo existe a fonte que, ao longo dos séculos, matou a sede do profeta Elias, do profeta Eliseu, dos filhos dos profetas, dos Santos e Santas. Venha beber desta fonte!
frei Carlos Mesters, frade Carmelita

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