quinta-feira, 14 de abril de 2011

VIVER EM OBSÉQUIO DE JESUS CRISTO

JESUS, NOSSO MODELO DE VIDA

O Patriarca Alberto escreve o seguinte no prólogo da Regra do Carmo:
“Muitas vezes e de muitas maneiras os Santos Padres estabeleceram como cada um, qualquer que seja o estado de vida a que pertença ou o modo de vida religiosa que tenha escolhido, deve viver em obséquio de Jesus Cristo e servi-lo fielmente com coração puro e consciência serena. No entanto, como vocês nos pedem que, de acordo com o seu projeto, lhes apresentemos uma forma de vida à qual, de agora em diante, devem manter-se fiéis, estabelecemos: ...”.
Em seguida Alberto descreve a “forma de vida” e nela estabelece o jeito próprio dos Carmelitas viverem em obséquio de Jesus Cristo. Por isso, vamos olhar de perto a pessoa de Jesus: como ele deixou a vocação de Deus entrar dentro de si; como vivia em Deus, como irradiava a Boa Nova de Deus convivendo com o povo da sua terra, e qual o segredo que o sustentava a vida inteira até à morte, e morte de cruz.
Jesus deixou a vocação de Deus entrar dentro dele, e ela tomou conta de tudo
A experiência de Deus como Pai é a raiz da consciência que Jesus tinha de si mesmo, da sua missão e do anúncio que fazia do Reino. Jesus chegou a identificar-se em tudo com a vontade de Deus: “Eu faço sempre o que o Pai me manda fazer” (Jo 12,50). “O meu alimento é fazer a vontade do Pai” (Jo 4,34).
Jesus foi fiel ao Pai e aos pobres da sua terra. Diz São Paulo: “Embora fosse rico, Jesus tornou-se pobre por causa de vocês, para com a sua pobreza enriquecer a vocês” (2Cor 8,9). Conheceu a pobreza pelo lado de dentro. Esvaziou-se e foi esvaziado (Flp 2,7). Experimentou a fraqueza na hora da agonia, e o abandono na hora da mor­te (Mc 15,34). O abandono ao qual eram condenados os pobres! Morreu soltando o grito dos pobres (Mc 15,37), certo de ser ouvido pelo Pai que escuta o clamor do pobre (Ex 2,24; 3,7). Por isso, Deus o exaltou (Fl 2,9)!
Fazer a vontade do Pai e cumprir a missão era o eixo da vida de Jesus. Como diz a carta aos hebreus, citando o salmo: "Ao entrar no mundo ele afirmou: “Eis me aqui! Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vonta­de!" (Hb 10,5.7; Sl 40,8-9). Ao deixar o mundo, Jesus faz revisão e diz: "Tudo está realizado!" (Jo 19,30). Jesus se deixou moldar pelo Pai a cada momento da sua vida.
A comunhão entre Jesus e o Pai não era automática, mas sim fruto de uma luta que Jesus travava dentro de si para obedecer ao Pai em tudo e estar sempre unido a Ele. Jesus dizia: "Por mim mesmo nada posso fazer: eu julgo segundo o que ouço" (Jo 5,30). "O Filho por si mesmo nada pode fazer, mas só aquilo que vê o Pai fazer" (Jo 5,19). Não foi fácil. Foi um longo processo. Começou com o Sim  de Maria (Lc 1,38) e terminou com o último Sim de Jesus na hora da morte. Jesus lutou para ser fiel ao Pai. Ele teve momentos difíceis, em que gritavau: “Afasta de mim este cálice!” (Mc 14,36). Teve que pedir a ajuda dos amigos (Mt 26,38.40). Teve que rezar muito para poder vencer (Hb 5,7; Lc 22,41-46). Mas venceu! Ele mesmo o confirma: “Eu venci o mundo!” (Jo 16,33). Como diz a carta aos Hebreus: “Durante a sua vida na terra, Cristo fez orações e súplicas a Deus, em alta voz e com lágrimas, ao Deus que podia salvá-lo da morte. E Deus o escutou, porque ele foi submisso. Embora sendo Filho de Deus, aprendeu a ser obediente através de seus sofrimentos. E, depois de perfeito, tornou-se a fonte da salvação eterna para todos aqueles que lhe obedecem”. (Hb 5,7-9) Deste modo, Jesus tornou-se para nós revelação e manifestação de Deus Pai: “Quem vê a mim vê o Pai” (Jo 14,9). Como diz o povo do menino que se parece com o pai: “É a cara do pai!”.
A obediência de Jesus ao Pai não era disciplinar, mas sim profética, reveladora do Pai. A união da vontade de Jesus à vontade do Pai deu a ele olhos novos para perceber a presença do Reino de Deus no meio do povo. O Reino já estava aí, mas ninguém o percebia (Lc 17,20-21). Jesus o percebeu e o revelou (Mt 16,1-3). Ele via o tempo maduro, o campo branco para a colheita (Jo 4,35), e anunciava (Mc 1,15):
                                               Esgotou-se o prazo. O reino de Deus chegou!
                                               Mudem de vida e acreditem nesta Boa Notícia.
E logo em seguida começou a irradiar a Boa Nova do Reino no meio do povo.
Jesus irradia a Boa Nova do Reino pelo seu jeito de conviver com o povo
A Boa Nova do Reino era como um fertilizante que faz a semente brotar e crescer. Pelo seu jeito de ser e de conviver, com o calor do seu bem-querer e a chuva dos seus ensinamentos, Jesus despertava no povo a força adormecida do Reino que o próprio povo não conhecia ou tinha esquecido, e a semente do Reino que estava escondida brotou e apareceu. Jesus desobstruiu o acesso à fonte dentro das pessoas. A água começou a jorrar e o povo se alegrou (Jo 4,14). Assim, muitas pessoas, através da fé em Jesus, despertaram para uma vida nova.
No que segue vamos ver como Jesus irradiava a Boa Nova do Reino pelo seu jeito de conviver ...
...  com os pobres em espírito
...  com os que choram
...  com os mansos
...  com os que têm fome e sede de justiça
...  com os misericordiosos
...  com os puros de coração
...  com os que lutam pela Paz
...  com os perseguidos por causa da justiça
Jesus unido ao Pai pela oração
Frei Carlos Mesters, em
Venha Beber desta Fonte
Itinerário Vocacional da Família Carmelitana
Pág. 67-71

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